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Belluzzo quebrou tradição palmeirense de pagar salário em dia

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19/01/2011 09h33

Reunir os quatro principais ídolos palmeirenses na atualidade foi a maior marca positiva da administração de Luiz Gonzaga Belluzzo, que deixa hoje a presidência do clube.

As presenças de Felipão, Marcos, Valdivia e Kléber somadas ao fato de a tão sonhada arena começar a sair do papel transformaram Belluzzo em candidato a ter uma estátua no Palestra Itália.

 Porém, como se estivesse sob o efeito de alguma maldição, quase nada deu certo. A construção do novo estádio ainda é vista com desconfiança por conselheiros e torcedores, graças ao ritmo lento das obras. A empreitada foi apresentada como uma ação sem custos para o Palmeiras. Mas o clube já torrou pouco mais de R$ 1,5 milhão no projeto arena, como mostra o balancete de dezembro, publicado nesta terça pelo blog.

A roda pegou mesmo na aposta em jogadores e treinadores caros para ser campeão. Apesar de na teoria as contratações serem perfeitas, os altos salários causaram derrapadas. Com pagamentos atrasados, ficou difícil cobrar os jogadores. As trocas de técnicos geraram mais gastos.

A insistência de Belluzzo em ouvir um pequeno grupo e em dar amplos poderes para a Gilberto Cipullo, vice de futebol, fez com que aos poucos seus aliados o abandonassem. Parceiros também se afastaram. Como a Traffic, que além de discordar de algumas decisões no futebol teve que aturar a demissão do técnico Antônio Carlos Zago na festa de aniversário da empresa.

 Ao alinhar-se com o São Paulo na eleição do Clube dos 13, Belluzzo espantou a Federação Paulista e a CBF. Assim, o presidente que foi eleito com uma legião de admiradores, carregado nos braços até pela maior parte da imprensa, agora volta para casa praticamente sozinho.

 O passivo registrado até dezembro, no valor de R$ 199,8 milhões, um déficit em 2010 de R$ 25,5 milhões e uma equipe desmotivada e rachada com a diretoria são algumas das heranças. Por outro lado, ele deixa um técnico competente e um punhado de bons atletas.

 Tanto para os conselheiros mais velhos como para os mais novos, o pecado mortal do presidente foi atrasar salários e  direitos de imagem. Todos contam que sempre se orgulharam de historicamente o Palmeiras pagar em dia seus jogadores. A quebra da tradição, mais do que qualquer outro fator, transformou a admiração ao economista-cartola em revolta. E o que seria um até breve virou um adeus.

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.