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Contabilidade do Santos tem cheque para "ra-ta-tá"

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06/04/2011 17h22

A Comissão Fiscal do Santos protocolou nesta quarta no Conselho Deliberativo seu parecer sobre as contas de 2010 apresentadas pela diretoria. O documento orienta os conselheiros a aprovarem as contas, mas indica que pelo menos mais de 10 mudanças deveriam ter sido feitas para sanar falhas apontadas pela comissão .

Entre os pontos de discordância está um cheque dado pelo clube ao ex-gerente Jamelli no valor de aproximadamente R$ 77  mil. Na parte de trás dele está escrito "ra-ta-tá". O cheque foi dado para pagar a premiação pela conquista da Copa do Brasil a funcionários do CT.  O procedimento adotado foi dar o cheque para Jamelli fazer a distribuição do dinheiro. "Ra-ta-tá" é o nome dado no meio do futebol à divisão de premiações.

A falha da diretoria teria sido não repassar diretamente o dinheiro aos funcionários, documentando o pagamento e o recebimento.

Para conselheiros da oposição que tiveram acesso ao parecer, a maneira como a divisão dos prêmios foi feita não combina com a governança corporativa, bandeira da administração de Luís Álvaro de Oliveira Ribeiro.

Outro ponto questionado é o empréstimo feito por dois conselheiros ao clube no valor de aproximadamente R$ 180 mil. O dinheiro teria sido usado para remunerar Robinho. Segundo conselheiros ouvidos pelo blog, o estatuto veta empréstimos feitos por membros do Conselho Deliberativo.

O componente político do parecer é o fato de Luís Álvaro ter abandonado o Conselho do clube após uma aprovação das contas de Teixeira. Na ocasião, Ribeiro reclamava de a diretoria registrar multas contratuais como ativos do Santos. Ele queria a reprovação das contas.

Outro lado

A assessoria de imprensa do Santos disse ao blog que o presidente só recebeu o parecer por volta das 14h desta quarta e só poderia falar sobre o assunto na quinta-feira, após se reunir com o departamento jurídico. Compromissos com dirigentes do Colo Colo e com Muricy Ramalho tomariam todo o seu tempo antes do jogo com o time chileno.

A assessoria também afirmou que o estatuto vigente na época não impedia empréstimos de conselheiros. Declarou ainda desconhecer o cheque do "ra-ta-tá". Por fim, disse que foram feitas apenas observações pela Comissão Fiscal, a maioria já discutida com a diretoria.

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.