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Empresa ganha para apresentar conselheiro ao Palmeiras na compra de Valdivia

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04/06/2011 08h55

O caso é um dos mais inusitados do futebol brasileiro em termos de contratação. O Palmeiras pagou 220 mil euros de comissão a uma empresa que apresentou um conselheiro do próprio clube à diretoria. Ele investiu na contratação de Valdivia.

O contrato foi assinado no dia 26 de julho de 2010 pelo então presidente palmeirense Luiz Gonzaga Belluzzo. O conselheiro apresentado é Osorio Henrique Furlan Júnior, razoavelmente bem conhecido no Conselho Deliberativo palmeirense antes da negociação.

Ele comprou 36% dos direitos econômicos de Valdivia por 2,2 milhões de euros. Uma das cláusulas do contrato prevê o pagamento de uma comissão de 10% à empresa BRZ. O documento deixa bem explicado o motivo da remuneração. Esclarece que a BRZ apresentou Osorio ao Palmeiras, além de intermediar a negociação entre o integrante do conselho e o clube. Registra também que o pagamento deve ser feito pelo Palmeiras.

Mas, pelo acordo, o dinheiro não deveria sair diretamente dos cofres alviverdes. O pagamento à BRZ teve de ser feito até o dia 12 de agosto de 2010 por Osorio, numa conta no Banco Itaú. Porém, os 220 mil euros pagos de comissão pelo conselheiro foram descontados dos 2,2 milhões que ele deu ao Palmeiras pelos 36% de Valdivia. Assim, o clube recebeu 1,9 milhão de euros.

O documento foi assinado antes de o Palmeiras fechar a compra do chileno. E o dinheiro dado por Osorio foi usado na operação. Os direitos econômicos do chileno custaram ao alviverde 6.250.000 euros, segundo o contrato.

A diretoria também se coprometeu a fazer um seguro de vida e contra acidentes pessoais em nome de Valdivia, garantindo uma indenização de R$ 5 milhões ao investidor.

A diretoria atual não entende como seus antecessores precisaram pagar milhares de euros para uma empresa apresentar um conselheiro à cúpula do próprio clube. E também consideram desnecessário remunerar um intermediário para conduzir uma negociação com quem faz parte das fileiras do Conselho. Seria como o síndico de um condomínio topar pagar comissão para alguém apresentar um morador interessado em bancar melhorias no prédio.

O blog telefonou para Belluzzo em três números diferentes de telefone. Deixou recados, mas ele não retornou até a publicação do post.

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.