Topo

Perrone

Palmeiras tenta desarmar bomba relógio chamada Valdivia

Perrone

28/02/2011 13h02

Diretores do Palmeiras se referem a Valdivia como uma bomba relógio programada para explodir no dia 15 de agosto. É a data em que o clube terá que pagar cerca de 8,8 milhões de euros ainda referentes à compra do jogador.

A diretoria não tem esperança de conseguir o dinheiro até lá. Alguns cartolas sugeriram a devolução ao Al Ain, mas descobriram que não é mais possível. Receberam a informação de que o clube árabe já descontou a carta de crédito que recebeu na negociação.

"Estamos satisfeitos com o Valdivida tecnicamente. Não gostaríamos de nos desfazer do jogador, mas ele foi contratado numa situação estranha. Não adianta eu ir para Espanha buscar o Messi e deixar para alguém pagar lá na frente. Deixaram a espada sobre as nossas cabeça. O departamento jurídico está analisando a situação, que é bem confusa", afirmou Roberto Frizzo, vice-presidente de futebol.

Os dirigentes afirmam que o ex-presidente Luiz Gonzaga Belluzzo contratou Valdivia sem desembolsar um centavo. O clube teria dado o contrato com a Fiat como garantia ao banco Banif para conseguir uma carta de crédito no valor de 6.250.000 euros. Ela tem que ser paga no dia 15 de agosto, junto com o imposto de renda referente à remessa de dinheiro para o exterior. São aproximadamente mais 2,6 milhões de euros.

A diretoria afirma, porém, que o contrato com a Fiat foi dado como garantia para outro banco. Assim, a operação relativa à contratação de Valdivia estaria descoberta. É essa situação que o departamento jurídico está analisando.

 Quando comprou Valdivia, o clube contou com a ajuda do conselheiro Osório Furlan Júnior, que ficou com 36% dos direitos do chileno e pagou cerca de R$ 4 milhões.

Além disso, um grupo de sócios remidos, conhecidos como Eternos Palestrinos, colaborou com cerca de R$ 1,2 milhão. Mas, de acordo com a atual diretoria, essas quantias foram usadas para quitar outras despesas. Assim, o valor total de Valdivia terá que ser pago agora. É dessa maneira que foi armada a bomba relógio.

No cenário atual, o ideal para o Palmeiras é Valdivia voltar a jogar em alto nível e atrair compradores estrangeiros na próxima janela, justamente em agosto, mês da explosão.

Outro lado

O ex-presidente Luiz Gonzaga Belluzzo contesta a informação da diretoria de que o clube tem que pagar  2,6 milhões de euros, cerca de 30% do valor da operação, como imposto de renda.

"Não temos que pagar porque não mandamos produto para o exterior. Esse valor não existe", disse o dirigente.

Belluzzo afirmou também que o Palmeiras não pagou a compra de Valdivia em sua época por causa da oposição, hoje no poder. "Faríamos um empréstimo de R$ 40 milhões com o BMG. Mas a oposição mandou uma carta para o banco dizendo que se ganhasse a eleição não pagaria. O BMG só emprestou R$ 25 milhões. Os R$ 15 milhões que não vieram seriam usados para pagar a operação do Valdivia", disse Belluzzo.

O ex-presidente afirmou também que chegou a guardar em um banco o dinheiro que recebeu do conselheiro Furlan e dos Eternos Palestrinos para pagar a carta de crédito em agosto. "Mas como a oposição impediu que fosse feita a reestruturação da dívida, o nosso financeiro usou o dinheiro sem a minha autorização para pagar outras contas."

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.