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Abel: 'Santos vai trazer atletas que todos gostariam de ter'

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21/10/2010 16h04

O blog conversou por telefone com Abel Braga, que já fala praticamente como técnico do Santos, apesar de ainda ter metade de seu contrato para cumprir com o Al Jazira, dos Emirados Árabes.

Quais motivos você vai alegar para tentar deixar o clube sem pagar multa?

Vou me reunir com eles dia 26 ou 28. Vou usar principalmente a saudade da família como argumento. Meu filho jogava aqui, não joga mais. Tive alguns problemas aqui, como a mudança de um diretor-executivo, vou usar isso também. Mas, se eles ficarem chateados comigo, não saio. Nunca saí brigado.

De quanto é a multa? Aceita pagá-la?

É de U$ 2  milhões, mas eu praticamente já cumpri a metade do contato. Não vou pagar, nem sei porque colocaram essa multa no meu contrato. Eu não pedi para ter multa. Não acho justo, clube manda embora o técnico quando quer. Aqui também demitem treinador no começo do trabalho. O Tite ficou uns dois meses e pediu para sair. E está certo, tem que ser assim. Agora também não acho justo o Santos pagar a multa. Clube tem que gastar dinheiro só com jogador.

Em dezembro, vão aparecer mais vagas nos clubes brasileiros. Não seria interessante esperar até o fim do ano?

Não. Quero o Santos. Só saio daqui se for para trabalhar no Santos. O Santos foi muito correto comigo, eles passaram tudo o que querem fazer, e gostei. Ainda não falamos de contrato, mas estou dando a minha palavra que só saio para trabalhar lá. Caso contrário fico aqui até maio. Se dependesse só de mim eu pegaria minha mala e voltaria agora para me apresentar ao Santos.

Mas o que te encantou tanto no Santos?

A estrutura do clube é muito boa, o time também. O Santos tem um time que todo mundo gostaria de ter, isso já é meio caminho andado para o treinador, isso pesa. E a diretoria sabe o que quer para o ano que vem. A cidade também é muito boa.  Por tudo isso quero ir para o Santos.

É verdade que você está indicando reforços para o Santos?

Não. Converso muito com eles. Já fizemos conferência pelo telefone, com umas seis pessoas. Nunca vi isso. Eles me explicaram tudo o que pretendem fazer. Falaram de alguns jogadores que pretendem contratar. Respondi que são nomes que qualquer técnico gostaria de ter. Se não for o Abel, quem estiver lá vai gostar. São jogadores que todos os times gostariam de ter. O Santos está pensando alto.

O time precisa de jogadores experientes para a Libertadores?

Conversei de muitas coisas com eles, más é óbvio que muitas coisas eu não posso te falar. O que posso dizer que Libertadores é bem diferente de Brasileiro. Você tem gramados ruins, alguns árbitros caseiros, a atitude dos jogadores é diferente. Então o Santos precisa se reforçar, não existe time ideal.

O Santos também tem seus problemas. O Dorival Júnior teve aquele problema com o Neymar [Abel interrompe]

Eu não estava aí e não vou falar sobre isso. Só sei que o Neymar é um grande jogador e o Dorival é um grande treinador. Não vamos mais falar desse assunto, estou jantando, preciso desligar.

Mas eu não iria perguntar sobre este caso. Minha pergunta é: você já foi desobedecido por um jogador em público, como o Neymar e o Ganso fizeram com o Dorival?

Já, três vezes, mas eu não vou falar os nomes. A primeira aconteceu no começo da minha carreira de treinador, no Botafogo, então foi mais difícil. Eu não entendi o que estava acontecendo e agi de uma maneira. Na segunda vez, agi da mesma maneira. Na terceira, eu estava mais experiente, já via as coisas de outro jeito. E agi de um modo melhor. Aprendi que o técnico tem que pensar primeiro no time, isso é o que interessa. Parceiro, já deu, estou jantando.

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.