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Contratações de surpresa prejudicaram finanças do Palmeiras

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26/10/2010 15h38

Na noite desta segunda, a reunião para a escolha dos novos conselheiros vitalícios do Palmeiras virou uma lavagem de roupa suja. Cartolas pegaram o microfone para tentar explicar a crise financeira do clube e acabaram escancarando mais ainda a divisão política na própria diretoria.

Gilberto Cipullo, ex-vice de futebol, resolveu falar, atendendo voluntariamente a um pedido de 90 conselheiros que queriam esclarecimentos sobre a administração do futebol. Disse que o departamento não é deficitário e que os problemas são dívidas antigas e juros bancários. Afirmou também que as categorias de  base palmeirenses consomem R$ 750 mil mensais. Como comparação afirmou que Corinthians e Internacional gastam praticamente o mesmo valor. E que o São Paulo desembolsa mais.

Depois, o diretor financeiro, Francisco Campizzi Busico deu a sua versão. Explicou que o planejamento financeiro do clube foi prejudicado porque ele só era informado sobre quanto teria que desembolsar em cada negociação no máximo dois dias antes da assinatura do contrato. Citou como exemplo a vinda de Valdivia, contratado por Luiz Gonzaga Belluzzo, presidente licenciado. Assim, o departamento financeiro não tinha como opinar antes de os valores serem definidos. E precisava se virar com empréstimos para obter a verba.

No sufoco, o Palmeiras acabou usando parte de um empréstimo de mais de R$ 20 milhões para pagar despesas com jogadores em vez de quitar outras dívidas bancárias.

O saldo é o agravamento do racha político, com cartolas que não falam a mesma língua e uma conta salgada para o Palmeiras pagar. Só em setembro, o prejuízo do departamento de futebol foi de R$ 5.549.008. No mesmo mês, o futebol palmeirense consumiu R$ 13,7 milhões (nessa conta entram todas as despesas do departamento). E o gasto foi menor do que os cerca R$ 19 milhões registrados em agosto.

Depois de toda a discussão sobre a administração do futebol, aconteceu a votação para dez novos conselheiros vitalícios. Mas só um conseguiu o número mínimo de votos necessários para se eleger. Outra prova de como o clube está dividido em grupos, mais do que em outras épocas.

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.