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A briga pelo dinheiro do Comitê Organizador

Perrone

18/11/2010 09h18

Um dos problemas que afastaram o Morumbi da Copa do Mundo de 2014 foi a insistência de Juvenal Juvêncio em aproveitar no estádio uma fatia do dinheiro enviado pela Fifa para o COL (Comitê Organizador Local) usar em obras temporárias na Copa do Mundo de 2014.

Juvenal foi um dos primeiros a descobrir que a Fifa disponibilizará pelo menos U$ 250 milhões para o COL usar em instalações provisórias nos estádios (áreas para receber convidados e centros de imprensa, entre outras). Essa verba também serve para custear outras despesas do comitê, como gastos com passagens para membros da Fifa e a manutenção do próprio COL.

O comitê negou o dinheiro ao São Paulo afirmando que a prioridade é usar a verba para a sua manutenção. Agora o Corinthians também está de olho nos mesmos milhões para ampliar seu futuro estádio.

O fato de a CBF e Ricardo Teixeira serem sócios do COL e poderem dividir como quiserem os lucros obtidos pelo órgão com a Copa, conforme matéria publicada pelo Lance, explica porque é tão difícil para os donos de estádio terem acesso a essa verba enviada ao comitê pela Fifa.

Imagine que o COL não obtenha lucro com a Copa, mas que consiga economizar 10% desses US$ 250 milhões. Serão US$ 25 milhões para serem divididos entre CBF e Ricardo Teixeira como o presidente da confederação achar melhor. O dinheiro também pode ficar inteiro com a CBF ou com Teixeira. Não haveria nada de ilegal na operação.

A CBF alega que o comitê não recebe dinheiro público e que Ricardo Teixeira sairá da sociedade quando a lei brasileira não exigir pelo menos dois sócios. Apesar de não entrar dinheiro público no COL, a Copa só virá para o Brasil por causa das garantias dadas pelo Governo Federal. E dos bilhões que serão investidos em infraestrutura.

Pelo menos, os cartolas dos clubes poderiam pressionar os presidentes das federações para garantir que o eventual lucro da Copa seja usado de maneira interessante para melhorar o futebol brasileiro (isso não tem nada a ver com pagar dívidas dos clubes). Mas quem vai querer peitar a CBF?

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.