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Empresa recebeu comissão, mas não atuou na compra de Valdivia, segundo Belluzzo

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12/06/2011 07h00

Inicialmente, a atual diretoria do Palmeiras calculava um gasto de aproximadamente R$ 3,8 milhões com comissões na compra de Valdivia, feita na administração anterior. Esse valor agora subiu.

Os cartolas descobriram mais uma comissão. Foi dada à empresa Galáxia Assessoria Desportiva. Ela recebeu R$ 146.638,50 à vista. Fez jus ao dinheiro porque "auxiliou o Palmeiras na intermediação dos direitos federativos e econômicos do atleta Jorge Luís Valdivia Toro entre Palmeiras e o Al Ain Sports (sic)".

Essa justificativa e o valor estão registrados num instrumento particular de pagamento de comissão. Ele foi anexado em um processo trabalhista contra o Palmeiras. O blog teve acesso à ação. A atual diretoria se deu conta do pagamento ao preparar sua defesa no processo.
O problema é que o ex-presidente Luiz Gonzaga Belluzzo, responsável pela contratação de Valdivia, nega que a Galáxia tenha participado do negócio.
"Só estou sabendo da existência dessa empresa agora. Estranho o fato de ela receber comissão, pois não participou de nada", afirmou o ex-dirigente ao ser questionado pelo blog.

A Galáxia tem como sócios dois ex-funcionários do Palmeiras. Um deles é Kléber Francisco de Amorim, que move uma ação trabalhista contra o clube. "O Kléber esteve na minha casa quando contratei o Valdivia. Mas ele foi lá como amigo do jogador. Outras pessoas estavam lá e não participaram do negócio. Não sabia que tinham dado comissão para ele. Não tinha que pagar", afirmou Belluzzo.

O documento com a Galáxia foi assinado por Salvador Hugo Palaia, que substituía Belluzzo interinamente na presidência. A assinatura aconteceu no dia 11 de outubro de 2010. Quase dois meses após a estreia do chileno em sua volta ao clube. Belluzzo estava internado num hospital no dia em que o contrato foi firmado.

Telefonei para Palaia, mas ele não retornou a ligação. "Trabalho com o Valdivia desde 2007. Trabalhei na volta dele ao Palmeiras. Não há nada de errado", declarou Kleber.
No clube, Kléber é conhecido como secretário do chileno, além de ser amigo de vários jogadores. Ele atuava no departamento de futebol. Entre outras funções, registrava os atletas na Federação Paulista.

Na ação trabalhista que move contra a equipe, Kléber pede R$ 100 mil referentes a danos morais que teriam sido provocados em sua demissão, mais o pagamento de 200 salários mínimos por parte do Palmeiras. Ele também pediu o direito de defesa gratuita, declarando não ter condições de pagar advogado.
O Palmeiras contestou o pedido. Alegou que a empresa dele recebeu recentemente mais de R$ 400 mil em comissões do clube. Além do comissionamento na compra de Valdivia, ela faturou com a renovação do compromisso de Deola, apesar de o goleiro não a reconhecer como representante. Veja o contrato que garantiu comissão à Galáxia na compra de Valdivia.

 

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.