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Palmeiras gasta R$ 1,5 mi só para Maikon Leite prometer assinar e fica com apenas 20% do jogador

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08/06/2011 12h40

O blog teve acesso ao pré-contrato firmado entre Maikon Leite e Palmeiras (veja cópias acima). O instrumento de promessa de assinatura de futuro contrato de trabalho  revela que o clube se comprometeu a pagar R$ 1,5 milhão apenas para o jogador prometer fechar com o alviverde.

Ficou acertado também que, numa futura venda do atacante, o Palmeiras terá direito a apenas 20% do valor arrecadado. Apesar de ser o único a botar a mão no bolso, o clube foi quem ficou com a menor fatia dos direitos do atleta. Não é demais lembrar que o jogador poderia ser contratado apenas por sua remuneração no final de junho, quando termina o compromisso na Vila Belmiro.

A negociação está cheia de lances inusitados. A começar pelo fato de os palmeirenses se comprometerem a ceder gratuitamente 80% dos direitos de Maikon ao Santos e à JRP, empresa da qual o atacante é sócio. Curioso também é o fato de a firma de Maikon Leite receber comissão por acertar sua transferência. Não conheço outro caso de jogador comissionado por intermediar sua própria negociação.

Foi um negócio da China para o Santos, que perderia o atleta no dia 28 de junho, sem ter direito a nada. Pelo trato, ficou com 30% dos direitos do jogador. Ou seja, além de não ficar com as mãos abanando ganhou ou 10% sem gastar um centavo. Antes, o alvinegro tinha uma fatia de 20%.

A transação também foi vantajosa para a JRP, que tem  José Roberto Pereira como sócio de Maikon. Ele é procurador do jogador. Além de levar uma bolada como comissão, ela ficou com 50% dos direitos econômicos. O blog apurou que, menos de um mês após acertar com o Palmeiras, a JRP vendeu sua porcentagem para a Turbo Esportes, por R$ 2 milhões.

A JRP faturou R$ 250 mil por garantir que o jogador assinaria o contrato e mais R$ 200 mil de comissão. Ela não foi a única comissionada. Outra empresa, a BRZ, fez jus a R$ 50 mil por assegurar a assinatura do atleta e mais R$ 200 mil de comissão.

A BRZ é conhecida dos leitores do blog. Ela ganhou 200 mil euros para apresentar ao Palmeiras o conselheiro do clube que investiu na compra de Valdivia e por intermediar a negociação entre ele e o alviverde.

Juntas, JRP e BRZ garantiram receber do Palmeiras R$ 700 mil por participarem da negociação com Maikon Leite. O clube se comprometeu ainda a pagar, parceladamente, um bônus ao jogador no valor de R$ 800 mil. Assim, a quantia total gasta pelo Palmeiras só com a promessa de assinatura do contrato de trabalho foi de R$ 1,5 milhão.

Os palmeirenses ainda vão desembolsar R$ 10.840.000 de remuneração em cinco anos de contrato com o jogador.

Perguntei ao ex-presidente Luiz Gonzaga Belluzzo os motivos que o levaram a se comprometer em janeiro a gastar R$ 1,5 milhão para ter 20% de um jogador que ficaria livre no final de junho.

"O Santos poderia renovar com o atleta. Você tem que se colocar na minha posição, de presidente do clube. Eu não poderia correr o risco de ficar esperando o contrato acabar e outro time aparecer e contratar o jogador. A condição que me apresentaram foi essa: R$ 1,5 milhão por 20%. Tenho certeza de que foi um bom negócio, mas o tempo vai dizer", afirmou o ex-dirigente.

Ele declarou não saber que a JRP é a empresa de Maikon Leite, mas isso está claro no contrato. Porém, Belluzzo não vê problemas em pagar comissão para a firma do próprio jogador.

Sobre a BRZ, disse que a negociação foi apresentada por ela e por um dos agentes do atacante.

"Enquanto estive no negócio, não ouvi falar em BRZ. Também não entendi porque o Palmeiras preferiu esse caminho. Comigo, não teria que pagar nada e nem abrir mão de 80% dos direitos. Minha comissão seria de responsabilidade do jogador", disse ao blog o agente Ângelo Pimentel.

Ele acionou o comitê disciplinar da CBF para receber de Maikon a sua comissão referente ao negócio. Alega ser o legítimo representante do atleta.

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.