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Secretaria de futebol é última chance do governo de proteger mais torcedor do que cartola

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23/08/2011 20h09

Após uma longa espera, foi publicada no Diário Oficial da União, nesta terça-feira, a nomeação de Alcino Reis Rocha como secretário nacional de futebol e defesa dos direitos do torcedor, cargo criado recentemente no Ministério do Esporte, do qual ele era assessor especial de futebol.

Depois de tantas canetadas inúteis, a criação da secretaria pode ser a última chance para o governo federal atacar de frente os problemas do futebol brasileiro. Para começar, o secretário deveria inverter o título de seu cargo, colocando em primeiro lugar a defesa dos direitos dos torcedores. Clubes, cartolas, federações e CBF já têm ajuda demais.

Um bom início seria transformar em realidade todas as medidas teóricas do governo e de outros órgãos para acabar com os cambistas. Até membros de torcidas organizadas revendem ingressos, principalmente nos jogos como visitantes, já que os bilhetes muitas vezes vão direto para as uniformizadas.

Aliás, para defender o torcedor, o novo secretário precisa olhar com lupa o tratamento que é dado aos visitantes em qualquer parte do país. Sofrem para conseguir ingressos, muitas vezes sentem na pele o bairrismo de policiais e ficam em chiqueirinhos nos estádios. São consumidores recebidos como inimigos.

Entre as atribuições da secretaria estão "planejar, desenvolver, acompanhar e monitorar as atividades no âmbito do futebol". Tudo isso poderia ser trocado por  " limitar as reeleições em federações, confederações e também nos clubes que ainda não se emendaram". Mais objetivo e importante. Porém, o Ministério do Esporte sempre viu a questão como decisão reservada de cada uma dessas entidades privadas.

Outra função da secretaria é "incentivar a criação de uma estrutura esportiva moderna e capaz de receber grandes eventos internacionais". Tomara que não seja uma brecha para  mais bondades feitas com dinheiro público em nome da Copa.

Só Alcino poderá definir se a secretaria ficará no discurso empolado ou se vai meter o dedo na ferida, doa a quem doer.

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.