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Diretor do Corinthians volta a pedir que Palmeiras entregue faixas, como "gesto de civilidade"

Perrone

23/11/2011 16h30

Perguntei a Luis Paulo Rosenberg, diretor de marketing do Corinthians, se ele responderia às críticas que recebeu de Roberto Frizzo. O vice de futebol palmeirense afirmou que o corintiano teve um momento de insanidade ao sugerir que o Palmeiras entregue as faixas de campeão brasileiro, caso o alvinegro levante o caneco.

Roseneberg respondeu por e-mail. Disse que o gesto seria de civilidade e que só mentes menores podem achar que estimularia a violência. Frizzo acha. O corintiano, insiste na ideia e diz não estar cantando vitória antes da hora.

Leia a resposta de Rosenberg na íntegra.

 Estou achando muito estimulante o debate gerado pela minha proposta de, se chegarmos ao jogo contra o Palmeiras já sagrados campeões, recebermos dele as faixas.

Em primeiro lugar, quero esclarecer que jamais me antecipei à conquista, bazofiando uma vitória que ainda está longe de ser alcançada, como insinuaram alguns críticos superficiais, mesmo do meu grupo. O que afirmei, e a mídia registrou com precisão, é que queria muito ver resolvido o título antes do jogo do Palmeiras, por temer ter que vencer o nosso mais tradicional rival, para conquistar o troféu. Ou seja, minha manifestação foi de humildade perante o resultado ainda distante e de respeito pelas tradições do Palestra.

Isto posto, vamos à proposta da entrega das faixas. Se formos campeões, entregar-nos a faixa seria um gesto de espírito esportivo consagrado  no mundo. Prova de civilidade, o ato estreita laços, mostra respeito mútuo e elimina inimizades, portanto contribuindo para diminuir a violência, e não o contrário, como vem alegando mentes menores. Quando ganhamos a Copa Brasil, em 2009, tivemos o privilégio de receber as faixas de campeões do Fluminense, um dos clubes fidalgos do Brasil e que nos arrebataria o Brasileiro, tempos depois. Escolher o Palmeiras como o clube que partilharia da nossa alegria de eventualmente sermos campeões, entregando-nos as faixas antes do início do jogo, revela o apreço e respeito que temos por este adversário, nascido das mesmas raízes que nós, o mais antigo rival que temos. Tal gesto simplesmente complementaria a fieira de ações semelhantes que estamos desenvolvendo em conjunto recentemente, como a criação do Troféu Osvaldo Brandão, a parceria no Jogando pelo Meio Ambiente  e outras.

O Corinthians está tentando mudar a feição do futebol brasileiro, estimulando ações sociais e ecológicas, demonstrando companheirismo e solidariedade aos nossos rivais, contribuindo para eliminar a violência em todas as formas de relacionamento humano. Não é por outra razão que, no último domingo, jogamos com o nome da Lei Maria da Penha na camisa – a que pune a violência contra mulheres e meninas – em projeto conjunto com a ONU.

Que o sofrimento garantido que teremos no próximo domingo possa redundar no penta, queira São Jorge. E que este clube notável, de tradições semelhantes à nossa, que é o Palmeiras, nos faça mais felizes por nos entregar as faixas, sob aplausos das duas torcidas, adversárias sempre, inimigas jamais. E que nos 90 minutos do jogo, mostrem seu crescente futebol, no esforço sadio de "carimbar" o que nos entregaram!
 Luis Paulo Rosenberg

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.