Em guerra declarada contra "CBF paulista", rebeldes temem apito inimigo

Após uma reunião na quarta e outra na quinta, presidentes das federações de Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Bahia, Paraná e Rio de Janeiro decidiram oficializar sua batalha contra a ingerência da FPF (Federação Paulista de Futebol) na CBF.

O grupo promete fazer uma oposição sistemática durante a gestão do paulista José Maria Marin, caso ele não reduza o poder de Marco Polo Del Nero, cartola  da FPF, da Conmebol e agora do Comitê Executivo da Fifa, no lugar de Ricardo Teixeira.

Os rebeldes avaliam que os clubes de seus Estados correm o risco de pagar o preço da revolta. Temem que a retaliação venha com arbitragens desastrosas para seus times.

"Por qual motivo você acha que estamos tornando nossa indignação pública? É bom todo mundo saber o que está acontecendo. Se formos prejudicados pela arbitragem [nas competições nacionais] todos vão saber os motivos. É bom que fiquem de olho nos jogos das nossas equipes", disse ao blog, Francisco Novelletto, presidente da Federação Gaúcha.

Os rebeldes alegam que de 19 cargos na CBF nove estão nas mãos de gente indicada pela FPF, inclusive a presidência da comissão de arbitragem. Os outros dez postos continuariam com afilhados de Ricardo Teixeira.

"Se o Marin quiser navegar em águas calmas, vai ter que diminuir essa ingerência", afirmou o dirigente gaúcho

Três fatos recentes aumentaram a irritação dos rebeldes. Novelletto reclama que ao pedir antecipação de uma cota da Copa do Brasil para um de seus filiados foi orientado pelo departamento financeiro da CBF a procurar Reinaldo Carneio Bastos, vice da FPF e que é diretor da confederação para a Série B do Brasileiro.

 "Reinaldo Carneiro Bastos não tem nenhuma relação com a área financeira da CBF. A saber, também não há nenhuma interferência dele com relação a pedidos de antecipação de cotas de clubes referentes à Copa do Brasil", disse a assessoria de imprensa da FPF, negando o episódio relatado pelo gaúcho.

A rebeldia aumentou porque Marin prometeu almoçar com os revoltosos ontem e cancelou sua participação. A cereja no bolo foi a nomeação de Del Nero para o Comitê Executivo da Fifa.

"Em 15 dias, o presidente da Federação Paulista conseguiu o que Ricardo Teixeira demorou 20 anos para construir. Agora ele está na FPF, na Conmebol, na CBF e na Fifa", disse Novelletto.

Em minoria, os rebeldes dizem que não tentarão mais tirar Marin da presidência. Mas prometem torpedear a CBF se o presidente não frear Del Nero. O tema deve ser debatido numa reunião entra as duas partes no dia 3 de abril.