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CBF repassa verbas desiguais para federações e aumenta revolta

Perrone

11/05/2012 17h16

Balanços financeiros de federações e da CBF revelam que a distribuição de dinheiro da confederação para suas filiadas não foi igualitária. Quem recebeu menos alega que houve discriminação, o que é vetado pelo artigo 5º do estatuto da entidade.

O maior exemplo de tratamento diferenciado é a Federação Sergipana. Sem nenhum clube nas três principais divisões do futebol brasileiro, ela recebeu R$ 1.093.873,16 no ano passado.  O valor está registrado como doações da CBF.

Já a mineira, uma das que se rebelaram pouco antes da saída de Teixeira, anota em seu balanço R$ 570 mil em doações, sem identificar os doadores.

Os mineiros receberam menos do que os cearenses, que revelam repasse da CBF no valor de R$ 704,6 mil. O Ceará é a terra de dois fortes aliados políticos de Teixeira: Ciro Gomes e Tasso Jeriessait. Fortaleza receberá seis jogos da Copa do Mundo, dois da seleção brasileira.

 Já a Federação do Espírito Santo, coloca no quadro de receitas, com o título "CBF", R$ 572 mil. Em 2010, ela havia recebido R$ 420 mil, valor que três dirigentes de federações disseram ao blog ser o combinado par repasses em 2011, mas que foi superior para várias entidades.

Segundo os cartolas, o combinado era que fossem repassados R$ 30 mil por mês, mais um bônus de R$ 60 mil, resultando no total de R$ 420 mil para cada entidade. Mas 13 receberam essa quantia. Outras 12 ganharam mais do que isso.

No balanço da CBF, há uma despesa de R$ 16,7 milhões gravada como "representações-federações". Essa quantia dividida pelas 25 entidades estaduais que se dizem integrantes do programa de repasses, representaria R$ 668.200 para cada.

 O tratamento financeiro desigual inicia um novo foco de revolta contra a cúpula da CBF, apesar de o dinheiro ter sido repassado ainda na administração Ricardo Teixeira. O grupo que se rebelou antes mesmo do cartola renunciar, alegava que a FPF recebia tratamento diferenciado por ter acesso exclusivo a decisões do então presidente.

Os rebeldes reclamavam que o artigo 5º do estatuto veta discriminações, o que era o caso, segundo eles. Agora a queixa é a mesma. Quem recebe menos se sente discriminado.

Por meio de sua assessoria de imprensa, a CBF confirmou que os repasses são diferentes. A entidade nega que tenha a obrigação de enviar a mesma quantia para cada federação. Alega que sua obrigação é dar condições para que seus filiados se mantenham. E uns precisam mais de dinheiro do que outros, principalmente em casos emergenciais, como uma reforma na sede, por exemplo.

No entanto, para os opositores, a distribuição de dinheiro sem que um padrão seja seguido mostra como Teixeira usava o caixa da confederação para fazer política.

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.