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Palmeiras aumentou bicho para não perder grupo, mas medida é vista como erro no clube

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23/05/2012 11h39

A decisão de pagar R$ 15 mil de bicho a cada jogador, caso o Palmeiras passe para as semifinais da Copa do Brasil, foi para evitar desagradar aos atletas num momento decisivo.

Sem falar sobre valores, César Sampaio disse ao blog que a quantia é semelhante à oferecida na mesma competição no ano passado. E, como em 2011, foi usada como referência a premiação paga aos clubes semifinalistas pela CBF. Um valor inferior ao dado na última temporada poderia gerar irritação no elenco, segundo a diretoria.

Mas o prêmio, bem superior aos pagos nas outras fases ou em jogos do Brasileirão, gerou críticas por parte de integrantes da própria diretoria. Eles queriam que o bicho fosse dividido em duas partes. A primeira seria paga após a classificação. E a segunda só seria entregue em caso de título.

O argumento dos descontentes é que o clube não tem dinheiro para pagar uma bolada a cada novo estágio e depois não lucrar com a conquista do torneio. Ou, se for campeão, despejar outra grande quantia nas contas dos jogadores, além dos prêmios paga chegar à semifinal e à final.

Há também quem veja motivação política. A cúpula palmeirense estaria disposta a gastar o que não tem para conquistar um título, pensando nas eleições do ano que vem.

No Campeonato Paulista, por iniciativa do departamento financeiro, funcionava o sistema em que o bicho integral só seria recebido se o time desse a volta olímpica.

"Foi um método muito bom. Mas optamos por não usá-lo agora porque os jogadores tinham a expectativa de receber algo semelhante ao que foi pago no ano passado. Eles usavam como referência os valores de 2011. E quando você não corresponde à expectativa do jogador, ele não se sente ouvido, isso é ruim para o clube. Você pode perder o grupo, e isso é complicado", disse Sampaio ao blog.

Também pesaram na decisão, segundo o gerente, os valores dos bichos oferecidos pelos outros grandes do país a seus atletas. "Os jogadores se falam, todos sabem quanto os outros times pagam. Eles têm essa referência também", justificou Sampaio.

O gerente sofre críticas não só por causa do montante e da forma de pagamento. Alguns dirigentes alegam que ele não deveria participar da decisão sobre premiações, já que também recebe bicho. Estaria legislando em causa própria.

"Ninguém reclamou disso pra mim. Mas se a diretoria entender que ela deve tocar isso sem a minha participação, estou à disposição para fazer o que a direção achar melhor", respondeu.

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.