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Superlotado por causa da Libertadores, memorial corintiano exibe falhas de conservação

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21/08/2012 06h00

 

Barco largado em área de visitação do Memorial do Corinthians ao lado de computadores fora de serviço

Quem visita o Memorial do Corinthians atualmente vê sinais de má conservação por quase todos os cantos. No último sábado, por exemplo, eram pelo menos cinco computadores fora de serviço e um barco  largado em frente a painéis computadorizados em homenagem a ex-jogadores.

O cenário caótico se instalou no museu justamente no momento em que ele é mais visitado pelos corintianos. A presença de torcedores no local aumentou aproximadamente 15 vezes desde que lá desembarcou a Taça Libertadores, segundo dados do próprio clube.

Jogo computadorizado fora de serviço

Um cabide consertado com fita adesiva para sustentar uma camisa de goleiro antiga e sem identificação é outro sinal das falhas de manutenção.

 Perto dela um troféu com uma placa em branco aguça a curiosidade do torcedor, que sai de lá sem saber de qual conquista se trata.  Não há texto que explique em qual competição o clube assegurou a taça.

Taça sem identificação no museu corintiano

Interessante jogo que permite aos usuários disputarem partidas entre times históricos do clube também não estava funcionando numa das máquinas, aparentemente por problemas no computador. E um dos botões saía na mão de quem tentava jogar.

"O movimento aumentou demais, e algumas coisas acabam escapando. Existem erros, e eu assumo todos sem problema. Os computadores, por exemplo, já pedi para arrumarem. Isso vai ser resolvido logo", disse ao blog Flávio Ferrari Júnior, diretor cultural do Corinthians.

Sobre o barco aparentemente abandonado no salão, o dirigente explicou se tratar de uma embarcação antiga da equipe de remo do alvinegro. "Eles pediram um espaço no Memorial. Vamos providenciar um local adequado para o barco, mas com a loucura que estamos vivendo ainda não deu. Essa visitação toda é importante para atrair as pessoas para o clube, mas gerou algumas dificuldades", explicou. Perto da relíquia dos remadores, parecem terem sido esquecidos por algum funcionário três aparelhos de controle remoto, em outro sinal de descuido.

A obsessão pela taça continental é tanta que muitos corintianos provavelmente nem prestem atenção nos defeitos. No sábado passado, a fila para ver o troféu reunia cerca de 80 pessoas no início da tarde. Cada uma gastava cerca de 30 minutos para chegar perto da "orelhuda", um dos apelidos que o caneco ganhou.

Cabide reparado com fita adesiva para sustentar camisa antiga

Quebrada ao ser levada para o ex-presidente Lula, a taça tem tratamento especial no museu, com direito a isolamento, proteção de vidro e um funcionário só pra controlar o acesso dos torcedores, que ganham alguns segundos para tirar fotografia ao lado do antigo objeto de desejo.

Aparelhos de controle remoto sobre peça exposta

Segundo o site oficial do Corinthians, desde 17 de julho, 28.846 torcedores visitaram o Memorial, que fica no Parque São Jorge.

 "Precisei adiar as férias de um funcionário, colocar mais um trabalhando lá e, mesmo assim, não é possível dar toda a atenção merecida. Não dá pra colocar gente para orientar o torcedor a não tocar nos objetos sem proteção, por exemplo", completou Ferrari.

 

Acima, apenas pouco mais da metade da fila para se aproximar da Taça Libertadores no último sábado

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.