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Com cúpula do Santos rachada, presidente é criticado por "melar" negociação com Willian José

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04/02/2013 12h08

Santos perdeu Willian José para o Grêmio

Um racha no Comitê de Gestão do Santos transformou o presidente do clube em alvo de severos ataques. Em conversas reservadas e em trocas de e-mails ele é descrito como responsável por "estragar" negociações feitas pelo clube.

Um dos negócios que não deram certo foi a tentativa de contratar Willian José. O blog apurou que o departamento de futebol santista tinha um contrato pronto com o jogador, por empréstimo de um ano e meio, mas Laor, como é conhecido o presidente, não quis assinar o documento.

Inicialmente, investidores ingleses ligados ao atacante queriam colocar uma cláusula pela qual o jogador poderia deixar a Vila Belmiro em junho, mediante o pagamento de 5 milhões de euros. O Santos fez uma contraproposta e subiu o valor para 9 milhões de euros. A oferta foi aceita.

Estava tudo pronto para o acerto, mas na reunião para sacramentar o empréstimo, Laor decidiu ir e não aceitou as condições.

O episódio virou munição pesada contra o cartola. O blog teve acesso a cópia de um e-mail, que tem como remetente o mesmo endereço usado por Pedro Luiz Nunes Conceição, membro do Comitê Gestor.  A mensagem reprova a atitude do presidente na operação Willian José.

O texto diz que Laor afirmou, com "empáfia",  que os investidores blefavam ao dizer que o Grêmio tinha interesse no atacante. Mas que ele não caiu nessa e ainda acreditava que os ingleses procurariam o Santos para fechar negócio sem a cláusula de saída no meio de 2013.

Por meio de sua assessoria de imprensa, o presidente disse ao blog que o problema não foi financeiro. O que pesou para a desistência foi a vontade dos investidores de tirarem  o jogador do clube na metade do ano. Não compensaria ficar com o atleta por tão pouco tempo.

Porém, quem defendia o negócio, diz que seria excelcente ter lucro com o jogador em seis meses, caso o atleta saísse.

Por e-mail, Pedro  negou que seja o autor do texto com críticas a Laor.

"Lamento o uso do meu nome desta forma. Não enviei este tipo de mensagem para quem quer que seja. E há no conteúdo o da mesma alguns detalhes que sinalizam que o documento (e-mail) pode ter sido "fabricado". Infelizmente, como sempre ocorre no caso dos jornalistas, tem a tal fonte que precisa ser preservada e nos aqui expostos desta forma", declarou Pedro. No entanto, ele não contestou os detalhes da negociação.

Um dos motivos de racha no Comitê de Gestão é o desejo de parte do grupo de que Pedro seja candidato. Outra ala, acha cedo para se falar em eleição e vê desrespeito com o atual presidente, que fica no cargo até o final de 2014.

 O blog apurou que Pedro está a procura de um assessor de imprensa particular. No clube a atitude foi vista como mais um passo rumo à campanha eleitoral. O dirigente nega já estar articulando uma candidatura. "Não faz sentido falar em eleição, quando a atual gestão tem dois anos pela frente. É uma falta de respeito e este assunto não tem sido pautado por mim. Desconheço existir um movimento específico para que alguém, seja quem for, seja candidato. Se existe, não passa por mim", disse Pedro, também por e-mail.
Ele respondeu ainda sobre divergências no Comitê de Gestão. "As eventuais discordâncias de opinião no Comitê (somos em nove pessoas, não há unanimidade em tudo) ficam dentro do Comitê".

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.