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Ao bancar Lula em Caracas, Odebrecht viu Chávez prometer pagamento capaz de erguer dois 'Itaquerões'

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22/03/2013 11h33

Dirigentes corintianos consideram Lula padrinho do estádio

Reportagem publicada na edição desta sexta da Folha de S. Paulo revela que três dias após uma viagem de Lula para a Venezuela, em 2011, o presidente Hugo Chávez declarou estar quase resolvida dívida de aproximadamente US$ 1 bilhão (R$ 1,9 bi pela cotação atual) de seu governo com a Odebrecht. A quantia é suficiente para bancar  toda a construção do estádio do Corinthians, avaliada em R$ 1 bilhão, e praticamente erguer outro igual.

Construtora do Itaquerão, a Odebrecht bancou a viagem de Lula a Caracas. Conforme mostra a reportagem, o ex-presidente viajou num jato da empresa.

Não se trata, porém, de uma equação simples. A Venezuela quita a dívida, e a Odebrecht usa o dinheiro no estádio. Claro que a construtora precisava da receita também para outros fins. Mas a operação ajuda a entender a decisão da empresa de atender a um pedido de Lula. Ocupando a presidência da República, ele aconselhou a construtora a encarar a empreitada da casa própria corintiana.

Desde o começo, o projeto era arriscado. Não havia garantias sólidas de que a Odebrecht seria paga nos prazos combinados. Até hoje sem financiamento do BNDES e liberação dos incentivos fiscais da prefeitura, falta dinheiro para tocar o restante da obra.

Olhando superficialmente, pode parecer que a Odebrecht se meteu numa enrascada. Mas o episódio na Venezuela mostra como foi importante abraçar a causa do ilustre corintiano.

Ainda segundo a Folha de S.Paulo, o Instituto Lula diz que nessa e em outras viagens bancadas por construtoras o ex-presidente teve como meta consolidar a imagem e os interesses da nação brasileira.

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.