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Rotina de indisciplina e medo de melindrar reservas definiram afastamento de Jorge Henrique*

Perrone

10/05/2013 13h07

A decisão de afastar Jorge Henrique não foi motivada exclusivamente pelo episódio do último sábado. Pesaram para a punição decidida por Tite e pela diretoria frequentes atos de indisciplina, como atrasos em treinamentos. E o temor de que perdoar o atacante agora poderia melindrar os que brigam por uma vaga no ataque.

Como explicar, por exemplo, ao reserva e badalado Pato, que, enquanto ele cumpre horários, Jorge Henrique seria perdoado novamente?

Passar a mão na cabeça de JH poderia fazer com que Tite perdesse um de seus trunfos: o controle do grupo. O elenco aceitou calado a decisão. Ninguém pediu a palavra para defender o colega ao ouvir Tite explicar o caso.

Os jogadores são testemunhas de outros episódios em que Jorge Henrique irritou dirigentes e comissão técnica, mas ganhou nova chance. Um dos momentos de tensão ocorreu no último jogo antes do Mundial. O atacante levou cartão vermelho diante do São Paulo e havia o temor de que ele acabasse expulso num jogo no Japão por se desentender com adversários. Ganhou um voto de confiança e foi titular na final.

A ficha de JH já estava extensa quando no sábado ele não treinou e teria dito que passou a noite com o filho no hospital. A doença não teria existido. Para piorar, comissão técnica e diretoria ficaram intrigados ao descobrirem que o jogador tinha deixado suas coisas na concentração na sexta, como se o período de reclusão começasse um dia antes do combinado.

Tite com filho de Jorge Henrique. Foto: Daniel Augusto Jr./Agência Corinthians

Há também quem diga que o castigo só foi anunciado na quinta porque na terça o jogador teria cometido outro ato de indisciplina, mais leve, completando o conjunto da obra.

O blog não localizou Jorge Henrique para falar sobre o assunto. Por meio de uma das redes sociais da internet, ele admitiu ter cometido ato de indisciplina e afirmou já ter pedido desculpas.

Atualização

Depois de Jorge Henrique dizer que tinha passado a noite no hospital com seu filho, a diretoria corintiana ainda foi informada de que ele bateu o carro durante a noitada.

* Atualizado às 16h25

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.