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Comitê de Gestão do Santos sofre mais uma baixa e corre risco de ficar "engessado"

Perrone

08/08/2013 11h48

O Santos divulgou na quarta que Odílio precisaria de licença médica; nesta quinta, afirmou que ele não irá se licenciar. Sem o cartola, o Comitê Gestor ficaria engessado por não ter pelo menos cinco membros

O advogado Luciano Francisco Tavares Moita entregou nesta quinta seu pedido de renúncia do Comitê de Gestão do Santos. É a terceira baixa desde ontem, quando foram demitidos Pedro Luiz Nunes Conceição, que era responsável pelo futebol, e Caio De Stefano, da área administrativa.

Em sua carta, Moita afirma que por causa da "forma como foram determinadas" as demissões de seus colegas não se sente "mais parte desse grupo".

Assim, o processo que começou a ser deflagrado com os afastamentos determinados pelo presidente do clube na quarta, o centro de comando do Santos só não ficará engessado se o vice Odílio Rodrigues participar das reuniões do grupo apesar de seus problemas de saúde. Em nota oficial publicada nesta quarta, o clube informou que por causa de uma queda e "pela necessidade de repouso absoluto, Odílio terá que se licenciar do cargo por tempo determinado, ainda a ser confirmado".

Para tomar decisões, o Comitê de Gestão precisa da presença de pelo menos cinco membros. Com as três baixas recentes e a saída no começo de julho de Alvaro de Souza, que não foi substituído, o grupo tem apenas o número mínimo necessário.

Sem Odílio, então,  o comitê ficaria engessado, já que novos membros precisam ser referendados pelo Conselho Deliberativo, o que leva tempo. No entanto, nesta quinta, assessoria de imprensa do clube afirmou ao blog que mesmo sem poder participar diariamente das atividades na Vila Belmiro Odílio não se licenciou. Contrariando a nota anterior, afirmou que ele seguirá no cargo, despachando em casa e participando das reuniões do Comitê.

Luis Alvaro de Oliveira Ribeiro planeja agir rapidamente para repor as ausências, mas não é possível reunir o Conselho para aprovar novos nomes antes do próximo encontro do Comitê, na quarta. Os conselheiros também precisam referendar as demissões, mas quem saiu já não participará da próxima reunião. Assim, Odílio precisa comparecer.

O que é mais importante para o clube passa pelo Comitê. Foi assim, por exemplo, com as vendas de Neymar e Ganso. A letra "d" do artigo 64 do estatuto santista diz que entre as atribuições do Comitê estão contratar, dispensar e definir remunerações de atletas e membros da comissão técnica.  Pelo menos em tese, se o Santos decidir trazer um novo técnico, por exemplo, precisará do aval de cinco integrantes do Comitê.

O esfacelamento do centro nervoso santista acontece depois de a base política do presidente se esfarelar. As demissões de Pedro e Caio foram vistas por parte dos cartolas como uma exigência de grupos políticos e uma forma de o presidente dar uma resposta à torcida após a goleada de 8 a 0 para o Barcelona.

Veja abaixo, reprodução do conteúdo do pedido de renúncia feito por Moita, que esta semana teve seu escritório depredado por vândalos.

"Caro presidente Luis Alvaro, senti-me profundamente honrado por assumir a diretoria jurídica do clube no biênio 2010/2011, sentimento renovado com a gratificante condução a integrar o atual Comitê de Gestão do Santos FC. Foram inúmeras conquistas dentro e fora das quatro linhas, alcançadas por um grupo de santistas comprometidos, cujas diferenças sempre convergiram para o inegável sucesso de nossa gestão, construído com muito trabalho e dedicação de todos.

 Com a fragmentação política do clube e a forma como foram determinadas as recentes baixas do Comitê de Gestão não me sinto mais parte desse grupo. Deixo minha cadeira com sentimento de dever cumprido, renunciando de maneira irretratável em favor de um novo voluntário.

 Agradeço a colaboração e o comprometimento dos funcionários e a lealde de todos os companheiros que integraram a diretora executiva e o Comitê de Gestão ao longo desses quase quatro anos de trabalho, desejando boa sorte aos que permanecerão conduzindo nosso amado Peixe."

 Santos, 8 de Agosto de 2013

 Luciano Francisco Tavares Moita

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.