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Conselheiro desmente Laor e nega ser autor de carta para Neymar

Perrone

17/02/2014 07h09

A entrevista concedida ao blog por Luis  Alvaro de Oliveira, presidente licenciado do Santos, causou forte reação de pelo menos dois ex-companheiros dele no Comitê de Gestão. Luciano Moita e Caio De Estefano, ambos ex-integrantes do CG, enviaram e-mails para este blogueiro desmentindo declarações do ex-presidente.

Moita, também ex-diretor jurídico, negou que tenha sido o autor da carta que autorizou o pai de Neymar a conversar com outros clubes já em 2011. Laor afirma que o advogado foi quem redigiu o polêmico documento. Em sua nota, o ex-integrante do Comitê de Gestão, alega ainda ter e-mails que comprovam um pedido de Luis Alvaro para conduzir pessoalmente a venda de Neymar . Fala na existência de uma mensagem na qual Laor exalta sua relação com Sandro Rosell, que deixou o cargo de presidente do Barcelona por causa das suspeitas da Justiça espanhola em relação à negociação.

Por sua vez, Caio de Estefano nega que tenha escolhido sozinho os conselheiros que integraram a chapa de Laor em sua reeleição. O ex-presidente afirmou ao blog que Caio foi o responsável pela montagem do grupo de candidatos e que suas escolhas foram desastrosas. Em sua resposta, porém, o conselheiro alega que participou de um grupo que criou critérios para a formação da chapa, seguindo recomendação prévia do presidente e do vice. E que, mesmo assim, Luis Alvaro deu "canetadas". Uma delas, afirma Caio, para inserir um parente.

Leia a seguir, na íntegra, as duas respostas. A primeira é a de Luciano Moita.
A entrevista dada por Luis Alvaro a este blog revela que ele não está lidando bem com seu período de afastamento. Se está licenciado para tratar da saúde, não tem legitimidade para falar em nome do clube e não deveria se expor da forma como vem fazendo.

Fez boas coisas pelo Santos, mas ultimamente suas aparições têm sido melancólicas. Declarou recentemente que não participou da negociação do Neymar no final de maio/13. É mentira. Tenho e-mails que provam rigorosamente o contrário. No primeiro deles ele não só pede para conduzir pessoalmente todas as tratativas como ainda exalta sua relação com figuras como Sandro Rosell como um fator positivo no processo de venda. Mais que isso, como exposto pelo Comitê de Gestão na ultima reunião do Conselho Deliberativo ocorrida em 12/02, Luis Alvaro assinou todos os contratos.

Esse tipo de postura é de se lamentar. No final do ano passado ele declarou que eu lhe fazia oposição no Comitê de Gestão. Outra mentira. Agora vem com essa estória da carta. Primeiro disse que a carta não existia, depois que não se lembrava, agora afirma que a autoria é minha. O que virá depois?

NÃO REDIGI ESSE DOCUMENTO. Se o que fala fosse verdade minha assinatura estaria lá juntamente com a dele, como em todos os outros expedientes em que participei.

Se a carta era uma exigência para a permanência do Neymar e o Luis Alvaro entendeu que deveria conceder esse documento, cedeu a uma condição comercial cuja aceitação era decisão privativa do Presidente. E fez isso conscientemente como já declarou em outras entrevistas. Lembre-se que não havia Comitê de Gestão em novembro/11.

O conteúdo da carta, portanto, é estritamente comercial e sequer precisaria ser alinhado por um advogado. Aliás, pouco importa quem escreveu esse documento, pois quem negociou e decidiu aceitar as condições foi o Presidente. Mas como agora há questionamentos, Luís Alvaro está tentando dividir responsabilidades com quem não as tem. Há páginas e mais páginas de jornal onde ele afirma ser o responsável pela manutenção do Neymar, dizendo que "o Brasil não é mais mero exportador de matéria-prima". E agora quer dividir responsabilidades?

Ele declarou recentemente que impediu o Geovânio de deixar a Vila Belmiro. Por que não disse também que fui eu quem alertei que a dispensa não fazia sentido? A decisão era dele, a responsabilidade também. Fez muito bem em manter o atleta, mas por que dessa vez não dividiu os créditos comigo?

Era Diretor Jurídico em novembro/11 e essa carta sequer foi feita em meu departamento, onde TODOS os documentos são timbrados como "DEPARTAMENTO JURÍDICO". A carta tem o impresso e o timbre da "PRESIDÊNCIA". Não sei quem redigiu e provavelmente o Luís Alvaro assinou e mandou colher a chancela do advogado que estava na Vila Belmiro no momento. Quem assinou simplesmente atendeu a uma ordem do Presidente, seu empregador.

Luciano Francisco Tavares Moita
Conselheiro Eleito do SFC

 

Novamente o presidente licenciado Luis Alvaro falta com a verdade!
Desta vez, quando diz que eu escolhi sozinho os nomes que compuseram a chapa de candidatos ao Conselho Deliberativo que o apoiou na última eleição.
Não foi assim.
O que houve, de fato, foi a recomendação dele e do vice-presidente Odílio Rodrigues para que o grupo que montou a chapa mantivesse todos os conselheiros que os apoiaram na eleição para o primeiro mandato.
E eu apenas fiz parte desse grupo, que acatou a recomendação e definiu critérios para pontuação dos pré-candidatos ao Conselho Deliberativo, levando em conta o histórico de cada um, como, por exemplo, participação em eleições anteriores.
Essa pontuação é que determinaria a inserção e a ordem de colocação na chapa.
Ironicamente, o resultado deste trabalho foi consideravelmente alterado por ele no final, de modo arbitrário e à revelia dos que o elaboraram.
Levado por seus interesses, suas preferências e diferenças pessoais, deu várias "canetadas", dentre elas:
> 1) substituir os primeiros colocados, de acordo com as suas conveniências;
> 2) inserir um familiar;
> 3) retirar da lista de elegíveis e passar para a condição de suplente conselheiros bem pontuados como Sílvio Figo.
Essa atitude, aliás, tem natureza muito semelhante às que posteriormente, após a reeleição, ele teve no Comitê de Gestão, desrespeitando decisões tomadas pela maioria dos componentes, em clara afronta ao estatuto.
Sobre essa questão, mesmo não sendo mais integrante do CG, continuo convicto de que o conceito de governança corporativa, com as decisões mais importantes sendo deliberadas por um colegiado, é o mais adequado para o desenvolvimento e a evolução da administração dos clubes de futebol.
Vale lembrar que o modelo de gestão do S.F.C., atualmente, é similar ao existente a tempos no Real Madrid.
Só que é imprescindível que o presidente, diferentemente da maneira como Luís Álvaro agiu durante o tempo em que esteve à frente do CG, saiba respeitar e implantar as decisões tomadas pelo consenso entre os membros.
Mas o mais grave da entrevista é novamente o desrespeito com que o presidente licenciado se refere ao Conselho Deliberativo, quando declara que seus membros "não se elegeriam síndicos dos prédios em que moram"!
Se, nas vezes em que esteve presente às reuniões do CD e foi questionado por seus membros, Luis Alvaro não tivesse ironizado, desconsiderado e depreciado alguns dos conselheiros que se dirigiram a ele, provavelmente hoje teria o respaldo desse que é o órgão máximo do clube.
Reitero a este blog que lamento profundamente quando o presidente licenciado vem a público provocar discórdia, tumulto, e desta vez aumentando a insegurança do associado, num momento em que o atual CG delibera sobre as medidas a serem tomadas com relação à transferência do nosso ídolo N11, e com o novo elenco de futebol em primeiro lugar no grupo no Paulistão, trazendo esperança de retomada da fase histórica de títulos iniciada em 2010.

Caio Marco De Stefano, sócio e Conselheiro eleito do Santos Futebol Clube.

 

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.