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Racismo na arquibancada? Já vi de perto. E faz tempo

Perrone

13/02/2014 15h00

Em janeiro de 2005, como repórter da Folha de S.Paulo,  cobri a partida entre Atlético de Madrid e Real Madrid. Era o início do trabalho de Vanderlei Luxemburgo no Real, por isso fui enviado para a Espanha.

No primeiro toque de Roberto Carlos na bola, grande parte da torcida adversária, em esmagadora maioria por ser a dona do estádio, começou a hostilizar Roberto Carlos como torcedores peruanos do Real Garcilaso fizeram ao imitar os sons de macaco para o cruzeirense Tinga nesta quarta.

Os espanhóis entoaram uma musiquinha, que de nada servia para incentivar seu time: "Olé, olé, olé, Roberto Carlos é um puto chipanzé." Até crianças participaram do insulto.

O Real passeou em campo. Roberto Carlo foi participativo. Não demonstrou ter acusado o golpe. Certamente fez um esforço e tanto para se controlar. A ofensa racista deixou em segundo plano o fato de a mesma torcida ter apoiado seu time de uma forma que poucas vezes vi quando uma equipe estava levando de 3 a 0 num clássico em casa.

Pouco se falou sobre as ofensas sofridas pelo brasileiro nos dias seguintes na Espanha. E muito se falou sobre combate ao racismo no futebol nos  nove anos que se passaram. Vira e mexe acontece tudo de novo. A agressão verbal é a mesma, o tom irado também. Parece até que existe um manual de ofensas racistas. Pena que os cartolas e autoridades responsáveis por combater esses atos  não mostrem o mesmo vigor e certeza do que fazer.

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.