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Cartolas estão em alerta após investigação da PF citar sócio de Del Nero

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30/04/2014 06h00

A cartolagem do futebol brasileiro acompanha com atenção o desenrolar das investigações da Polícia Federal sobre o suposto envolvimento de parlamentares do PT com o doleiro Alberto Youssef, preso sob acusação de lavagem de dinheiro.

O sinal de alerta foi ligado porque relatórios da PF citam contato que o doleiro teria tido com o deputado petista Vicente Cândido, sócio de Marco Polo Del Nero, conforme mostraram a revista "Veja"e o jornal "Folha de S.Paulo".

Segundo a "Folha", relatório da PF mostra uma declaração de Youssef afirmando que, a seu pedido, um executivo esteve com Cândido, em São Bernardo, em busca de recursos, mas não obteve sucesso. Ao jornal, Cândido disse ter conhecido o doleiro numa viagem a Cuba.Porém, não se lembra de ter encontrado um emissário dele no ABC.

Os cartolas que demonstram estarem mais atentos ao caso são os que não fazem parte das cúpulas da CBF e da FPF. Eles acompanham os desdobramentos das investigações de olho nos efeitos que elas podem provocar no alto comando do futebol brasileiro.

O caso já fez um deputado, André Vargas, pedir licença por 60 dias, reunciar à vice-presidência da Câmara e se desfiliar do PT. Se Cândido sair chamuscado, Del Nero, seu sócio num escritório de advocacia, perde um quadro no Congresso Nacional. O deputado despontou como um dos principais defensores dos clubes em Brasília, o que ajudou Del Nero, eleito para presidir a CBF a partir do ano que vem, a se fortalecer junto a dirigentes de outros Estados.

Cândido se aproximou dos cartolas de clubes e federações tentando emplacar o Proforte, lei pela qual os times pagariam 90% de suas dívidas fiscais com ações voltadas para a formação de atletas.

Mas o Proforte foi desfigurado ao ser relatado por Otávio Leite (PSDB-RJ). Ficou menos adoçado para os dirigentes. O novo formato prevê o pagamento da dívida integral e a criação de uma taxa de 5% do dinheiro arrecadado pela CBF com patrocínios para ser usada na formação de atletas em escolas públicas. A reunião da Comissão Especial da Câmara que decidiria nesta terça se encaminharia o projeto ao plenário não aconteceu por falta de quórum. Cândido ainda luta por um modelo que interesse mais aos clubes e sem a mordida no dinheiro da CBF. Perder prestígio agora por causa do caso envolvendo Yousseff seria péssimo para essa empreitada.

O doleiro é acusado de um esquema de lavagem dinheiro que pode ter movimentado R$ 10 bilhões.

Por sua vez, Cândido, além de sócio de Del Nero, é um dos vice-presidentes da Federação Paulista. E nos últimos anos aumentou sua participação no futebol nacional. Ele atuou na relatoria da Lei Geral da Copa, encontrou dirigentes para discutir o Proforte e, recentemente, participou da entrega de medalhas ao campeão paulista, o Ituano. O deputado chegou a ser cotado para suceder Del Nero na presidência da FPF, mas a possibilidade não se concretizou.

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.