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MPT ouve testemunhas que podem esclarecer 'vista grossa' no Itaquerão

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04/04/2014 13h20

Inquérito civil aberto pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) para investigar as condições de segurança no estádio do Corinthians deve esclarecer, por tabela, se o Ministério do Trabalho fez vistas grossas em relação a irregularidades na segurança dos operários que atuam na construção do estádio do Corinthians.

Na última quinta, a Folha de São Paulo publicou declarações polêmicas do superintendente do Ministério do Trabalho em São Paulo, Luiz Antonio Medeiros. De acordo com o jornal, ele disse: "Se esse estádio não fosse da Copa, os auditores teriam feito um auto de infração por trabalho precário e paralisado a obra. Estamos fazendo de conta que não vemos algumas coisas irregulares".

De acordo com a assessoria de imprensa do MPT, o órgão "está chamando testemunhas que possam ou não reforçar a fala de Luiz Medeiros".

O inquérito está em momento sigiloso e serão feitas vistorias de surpresa para detectar eventuais problemas. Isso só depois que acabar a interdição da área em que ocorreu, no último sábado, a morte do terceiro operário na obra da arena corintiana.

O inquérito do MPT sobre as condições de segurança no estádio corintiano já estava em curso antes de Medeiros se pronunciar.

À Folha, o superintendente também disse que o ministro do trabalho, Manoel Dias, deu respaldo à decisão da superintendência de fazer de conta que não vê irregularidades nos trabalhos a fim de não atrasar mais a entrega do palco de abertura da Copa.

Procurada pelo blog, a assessoria de imprensa do Ministério do Trabalho afirmou que "o único respaldo que o ministro deu ao superintendente Medeiros foi para fazer a fiscalização nas obras dentro do que determina a lei e, se possível, dentro de um entendimento com a empresa responsável pelas obras". A assessoria explicou também que Dias acredita que o superintendente pode ter se expressado mal.

Atualização

Após a primeira versão do post ser publicada, o blog recebeu a seguinte nota do Ministério Público do Trabalho:

"A assessoria de imprensa do MPT em São Paulo esclarece que abriu inquérito para investigar as irregularidades de segurança e medicina do trabalho nas obras de construção da Arena Corinthians. Ao contrário do que o título sugere e o lide da matéria afirma, o MPT não investiga se houve "vista grossa" nas fiscalizações de outro órgão, mesmo porque não tem atribuição legal para isso. O MPT esclarece também que vem acompanhando as obras desde seu início e várias intervenções foram feitas desde então, não somente nos momentos de acidentes que causaram mortes de trabalhadores, mas no dia-a-dia observando e cobrando as proteções e condições ideais para evitar qualquer dano ao trabalhador".

Abaixo, leia a primeira resposta enviada pela assessoria do MPT. O blog havia perguntado se o órgão tomaria "alguma atitude em relação às declarações do superintendente do Ministério do Trabalho".

"O MPT já abriu inquérito civil para investigar, inclusive chamando testemunhas que possam ou não reforçar a fala de Luiz Medeiros. O inquérito está ainda em momento sigiloso, então só temos essas informações. Acrescento que o MPT não está fazendo vistorias nesse momento, pois as obras no estádio seguem embargadas (as vistorias são feitas apenas durante o expediente dos trabalhadores, de surpresa, para que sejam melhor detectados os problemas do local)."

 

 

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.