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Cobertura incompleta faz Corinthians mudar planos e põe em xeque área nobre

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28/07/2014 14h54

A inacabada cobertura do estádio corintiano gerou uma situação inusitada na arena e pode fazer o clube sentir no bolso. Como os vidros que cobririam parte dos assentos não foram instalados, o Corinthians inverteu os preços do setor leste. A parte superior, que no começo custava R$ 80, agora é vendida a R$ 180, pois lá o torcedor está mais protegido em caso de chuva. Porém, quem senta nessa área fica mais distante do campo. Já o setor leste inferior, que inicialmente custava R$ 180 passou a ser vendido por R$ 80. Só que o torcedor tem a vantagem de ficar bem perto do gramado, apesar de pagar menos do que quem está em cima. Esses sãos os preços sem os descontos do programa de fidelização.

Para o estafe que cuida do estádio, a venda do setor leste inferior a R$ 80 torna mais difícil a comercialização dos ingressos da área oeste inferior, que custam R$ 250. Essa região também não dá garantia total de proteção em caso de chuva, pois a cobertura não foi finalizada. A visão que o torcedor tem nessa parte é semelhante à possibilitada no leste inferior, R$ 170 mais barato.

No clássico de domingo com o Palmeiras, por exemplo, foram negociadas 1.874 cadeiras do setor oeste, sem contar bilhetes promocionais, na maioria das vezes cedidos para patrocinadores. A receita gerada foi de R$ 379.537,50. Para o setor leste inferior, foram negociados 7.811 bilhetes, com renda de R$ 409.340. Ou seja, receita pouco superior em relação ao setor mais nobre do estádio, apesar de serem vendidas 5.937 cadeiras a mais. No setor leste superior, com maior área coberta, foram vendidos 5.769. A receita proporcionada foi de R$ 774.090.

A assessoria de imprensa do Corinthians diz que as cadeiras da região leste inferior voltarão a ser mais caras do que as superiores quando a instalação dos vidros na ponta da cobertura for feita, mas ela não sabe quando isso irá ocorrer.

No início de abril, quando foi indagada pelo blog sobre o assunto, a Odebrecht, que construiu o estádio, afirmou que tudo que não ficasse pronto para a Copa do Mundo seria finalizado depois do Mundial. Na ocasião, a assessoria de imprensa da construtora declarou que os vidros da cobertura ainda não tinham sido instalados porque estavam sendo feitos estudos para encontrar a tonalidade mais adequada para as transmissões de TV. Por sua vez, o ex-presidente do Corinthians, Andrés Sanchez, disse antes da Copa que os vidros não foram instalados porque no Brasil só é encontrado um material esverdeado, vetado pelo clube.

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.