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Em novo vexame da seleção, jogadores expõem Felipão

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12/07/2014 18h55

Uma das imagens mais marcantes da desastrosa participação da seleção brasileira em sua segunda Copa do Mundo em casa aconteceu no primeiro tempo da derrota para a Holanda por 3 a 0. Marcelo, Hulk e Neymar se levantaram do banco de reservas para orientar os companheiros. Atrás deles, em pé, Felipão também tentava falar com seus comandados.

Foi como se os doentes partissem para automedicação por entenderem que o médico não está resolvendo. Impossível não lembrar do que ouvi de dois responsáveis pelas carreiras de jogadores da seleção e de um funcionário de outro atleta do time nacional. O trio sustenta que os jogadores perderam a confiança no treinador depois de ele ter uma conversa com seis jornalistas com quem se dá bem. No papo, Felipão expôs seus comandados ao dizer que se arrependeu de levar um deles para o Mundial. Ou, na versão da assessoria de imprensa da CBF, o técnico afirmou que gostaria de ter contra a Colômbia um atleta com características diferentes das que os 23 chamados têm.

Na conversa, o técnico quis ouvir a opinião dos jornalistas. O mesmo trio ligado aos atletas disse que isso também fez com que eles deixassem de confiar nas orientações de Felipão. O comandante teria demonstrado insegurança ao se consultar com quem não é boleiro.

Pela maneira como Marcelo, Neymar e Hulk agiram instruindo os companheiros, José Maria Marin e Marco Polo Del Nero deveriam procurar os jogadores e perguntar a opinião deles sobre a possibilidade de manter Felipão. Uma conversa franca seria proveitosa.

A dupla de dirigentes deveria também dar uma olhada nas estatísticas da seleção no Mundial antes de definir se Scolari continua. Foram dois empates, três vitórias e duas derrotas. O Brasil bateu seu recorde de gols tomados numa Copa: 14 gols em sete partidas, média de dois por jogo. Irã e Bósnia, por exemplo, levaram quatro gols em três jogos, média de 1,33. As duas seleções estavam no grupo da finalista Argentina.

Em sua entrevista coletiva após o jogo, Felipão disse que entregará o cargo como havia combinado antes da Copa, mesmo se fosse campeão. E que agora cabe a Marin decidir se convida o treinador para continuar

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.