Conviver com auxiliares influentes é desafio para novo técnico do Palmeiras
No Palmeiras, Dorival Júnior terá de conviver com auxiliares influentes e chefes que parecem enfraquecidos, mas sobrevivem a uma avalanche de críticas feitas por conselheiros de várias correntes.
Ele será o sucessor de Ricardo Gareca, apesar de grande parte dos conselheiros ter pedido a efetivação do auxiliar técnico Alberto Valentim. Mas não é no Conselho Deliberativo que o assistente exibe influência. É no vestiário. Valentim tem sido muito ouvido pelos jogadores brasileiros do elenco recheado de estrangeiros e até domingo comandado por um argentino.
Pelo menos com Gareca, o assistente nunca teve a imagem de fiel escudeiro do técnico, aquela que vem à cabeça quando se pensa em Murtosa e Felipão. Sua figura é muito mais ligada aos atletas nacionais da equipe.
Contratado pelo alviverde em janeiro, Valentim tem como vantagem no relacionamento com os jogadores o fato de ter parado de jogar não faz muito tempo, em 2010. Ex-lateral, ele atuou com Wesley, um dos líderes do grupo palmeirense, no Atléltico-PR.
Além de depender de Valentim para sentir a temperatura do vestiário, o novo treinador deverá ter como uma de suas primeiras tarefas definir se o goleiro Fábio segue como titular após alternar boas defesas e graves falhas. Então, será a vez de o Dorival sentar para conversar com Fernando Miranda, treinador de goleiros.
Como em qualquer clube, o preparador de arqueiros é fundamental na decisão do técnico sobre quem escalar no gol. E Fernando até agora defendeu a permanência de Fábio em detrimento de Deola, jogador de personalidade forte e formado no clube, assim como o treinador de goleiros.
O chefe dos arqueiros atuou pelo Palmeiras entre o fim dos anos 1990 e início dos anos 2000. Desde de 2005 trabalha preparando goleiros do clube em que fez amizades influentes. Ele tem relação estreita com Marcos, contratado pelo departamento de marketing alviverde desde que deixou de defender a meta do clube. Fernando também é amigo de conselheiros importantes, como Alberto Strufaldi, presidente do COF (Conselho de Orientação e Fiscalização).
Como chefe direto, Dorival terá Omar Feitosa. Ele tem fama no clube de ser um gerente que fala grosso e não leva desaforo para casa. Após a derrota por 1 a 0 para o Internacional, no último sábado, Feitosa se envolveu numa quente discussão com o conselheiro Stéfano Américo Giordano. Teté, como é conhecido o desafeto do gerente, faz parte da legião que existe no Conselho Deliberativo em campanha pela demissão de Feitosa. Uma das críticas ao funcionário é de que ele, supostamente, não sabe fazer a leitura do vestiário. Assim, problemas não chegam até a diretoria e deixam de ser corrigidos com rapidez. Feitosa é homem de confiança de José Carlos Brunoro, que apesar de ser bombardeado diariamente, ainda sobrevive no cargo de principal executivo do clube.
Se o cenário descrito acima não é o mais confortável para um treinador brasileiro iniciar seu trabalho, imagine para um argentino como Gareca.
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