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Falar em Tevez é enganação ou irresponsabilidade de candidato corintiano

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05/11/2014 16h10

Em plena campanha eleitoral, Roberto de Andrade, candidato situacionista à presidência do Corinthians, disse que quer tranformar em realidade seu sonho de trazer o atacante Tevez de volta ao time.

A declaração, dada durante o programa "Baita Amigos", do canal Band Sports, apresentado por Neto, pode ser interpretada de duas maneiras: como uma jogada eleitoreira que engana o torcedor com direito a voto ou como demonstração de irresponsabilidade administrativa.

Não é crível que Andrade estivesse falando sério sobre a contratação do argentino, nem mesmo quando admitiu a possibilidade de uma troca por Pato. Isso porque o ex-diretor de futebol sabe como poucos a intensidade do terremoto financeiro no Parque São Jorge. Afinal, a crise tem também suas digitais.

Em sua gestão, o Corinthians, entre outros gastos, contratou Pato por cerca de R$ 40 milhões, e recolheu, mas não pagou impostos a fim de inventar dinheiro para ser usado de outras formas pelo clube. Andrade também tem conhecimento de que o alvinegro se apertou ainda mais para parcelar a dívida com a União e evitar que ele e Andrés Sanchez fossem punidos por crime fiscal, junto com outros dirigentes.

Por tudo isso, o candidato da situação deve saber que o alvinegro precisa fazer dinheiro com Pato, não usá-lo para trazer um jogador ainda mais caro do que ele. Certamente, Tevez não aceitaria ganhar os R$ 400 mil que o Corinthians ainda paga para o ex-jogador do Milan (o São Paulo completa os R$ 800 mil mensais). Vale lembrar que ainda falta pagar no ano que vem uma parcela da compra de Pato, o que a direção diz que fará com dinheiro que tem a receber do Tottenham pela venda de Paulinho..

Agora, se Andrade falou sério sobre trazer o argentino, indicou que pretende administrar o clube aumentando os gastos e cavando uma cova cada vez mais funda. Seria a continuidade da política irresponsável de gastar o que não tem e deixar a bomba na mão do próximo presidente. Prática que afundou o Corinthians e praticamente todos clubes brasileiros. Ou parece ser uma medida responsável contratar um jogador milionário depois de o Corinthians gastar cerca de R$ 45 milhões a mais do que arrecadou só nos primeiors oito meses de 2014?

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.