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Família de Jadson salva Corinthians com torcida, agentes e no bolso

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25/02/2015 12h24

A família de Jadson talvez não saiba o tamanho do galho que quebrou para a diretoria do Corinthians ao votar pela permanência do meia no Brasil. A recusa do jogador em atuar na China impediu o enfraquecimento do time, evitou cobranças da torcida aos diretores e não deixou que os cartolas entrassem em atrito com os empresários do boleiro. Para tudo isso acontecer, o Corinthians nem precisou dar aumento para Jadson ou quitar as dívidas que tem com os agentes dele. Pelo menos não por enquanto.

Transferir o jogador para a China era a saída ideal para Bruno Paiva e seus sócios na Think Ball, a empresa que cuida da carreira de Jadson. Numa tacada só, eles ganhariam 70% do valor da transferência por terem essa fatia dos direitos econômicos de Jadson e ainda poderiam descontar do valor pago pelos chineses a quantia que o Corinthians deve a eles por outras operações. Como mostrou o UOL Esporte, dos R$ 16,3 milhões que o Jiangsu Sainty estava disposto a pagar pelo meia, o time paulista ficaria com apenas R$ 1,4 milhão por causa da quitação de impostos e dívidas com os agentes do atleta.

Como os mesmos agentes têm vários jogadores no elenco corintiano (Guerrero em situação de renovação ou saída está entre eles), Roberto de Andrade não quis briga com os empresários. Desde o início deixou claro que não colocaria obstáculos para a saída do meia. Até porque pouco poderia fazer, já que o Corinthians tem apenas 30% dos direitos econômicos e os chineses estavam dispostos a pagar a multa rescisória.

A única alternativa seria oferecer um novo contrato para Jadson, gastando o que o clube não pode. E abrindo precedente. Restou ao presidente alvinegro assumir a sua impotência no episódio e ficar exposto às críticas da torcida.

Porém, quando ele acreditava que Jadson já estava com as malas prontas, o jogador resolveu ficar, numa atitude tomada em boa parte por causa da vontade de sua família.

Assim, Andrade se livrou do problema sem precisar fazer esforço. E ainda pode dizer para os empresários do meia que o Corinthians não tem nada a ver com o fracasso da venda. O negócio só não deu certo porque o cliente dos agentes não quis. Melhor impossível para o presidente corintiano.

 

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.