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Gasto com Cristian daria para Corinthians segurar Guerrero

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24/05/2015 09h12

 

A iminente saída de Guerrero do Corinthians poderia ser evitada não fosse o erro de avaliação do clube nos gastos com algumas contratações. E não é preciso voltar até o desembarque de Alexandre Pato para se chegar a essa conclusão. Serve de exemplo um reforço que está bem mais fresco na memória do torcedor: Cristian.

Contratado para a atual temporada, o volante vai receber, em três anos de contrato, cerca de R$ 500 mil mensais em média por mês. São R$ 18 milhões em 36 meses, valor semelhante ao que Guerrero pede de luvas e o alvinegro não tem para pagar (o impasse está nas luvas, não na pedida salarial). O gasto com Cristian sobe para R$ 19,5 milhões se forem incluídas as despesas com 13º salário.

O curioso é que o clube já estava atrasando direitos de imagem e lutava para reduzir a pedida feita pelos agentes de Guerrero quando trouxe Cristian.

Como os empresários do peruano afirmam que aceitam receber a maior parte das luvas diluídas no salário, daria para usar o dinheiro gasto mensalmente com Cristian para manter o atacante. Porém, seria necessário se contentar com um volante das categorias de base ou trazer um jogador barato, em início de carreira, para a vaga do veterano.

Agora esqueça Cristian e pense em outro reserva, Vágner Love, da mesma posição de Guerrero. Em 18 meses de contrato, ele receberá cerca de R$ 9 milhões, metade do que o peruano pede de luvas. Love foi contratado em fevereiro às vésperas da eleição que elegeu o presidente Roberto de Andrade.

O cartola avalizou o negócio mesmo sabendo das dificuldades financeiras e da batalha com os representantes de Guerrero. Agora chora a falta de dinheiro. Seu antecessor, Mário Gobbi, deu liberdade para que ele começasse a montar o time de 2015 antes mesmo de saber se seria eleito.

Confiar mais nos jovens Malcom e Matheus Cassini poderia ter feito o Corinthians economizar o dinheiro gasto com Love, direcionando os recursos para manter Guerrero.

Porém, o clube preferiu nos últimos anos investir mais em atletas rodados, caros e com pouco poder de revenda, liberando jovens promessas de graça ou a preços de liquidação. Tite também demonstra preferir os medalhões.

Alguns dos garotos partem do Parque São Jorge sem nem estrear no time principal, como pode acontecer com Cassini. Caso as saídas do garoto e de Guerrero se concretizem, o Corinthians perderá dois atacantes numa tacada só. Isso sem ganhar nada pelo peruano, em fim de contrato, e embolsando R$ 3,5 milhões por 70 % dos direitos econômicos de um jovem que poderia valer muito mais amadurecendo no Parque São Jorge.

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

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