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Você acha que Del Nero vai renunciar já? Espere sentado

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07/06/2015 12h23

As últimas movimentações de Marco Polo Del Nero na CBF cheiraram à renúncia. Porém, para cartolas das federações estaduais que estiveram com ele na última reunião da entidade é o típico caso de parece, mas não é.

Parece porque o presidente da confederação demonstrou preocupação com as regras sucessórias da confederação. Marcou para o próximo dia 11 uma assembleia geral na qual federações e clubes votarão mudanças estatutárias. Entre elas, o fim da regra que coloca o vice mais velho como substituto do presidente em caso de vacância.

A olho nu, a medida foi interpretada como uma forma de Del Nero poder escolher seu eventual sucessor, pavimentando sua rota de fuga. Mas, para presidentes de federações foi apenas uma maneira de estancar a crise envolvendo o catarinense Delfim Peixoto, primeiro na linha sucessória.

Parte dos dirigentes de federações estaduais não gostou de ler entrevista na qual o vice disse estar pronto para assumir o cargo. Essa ala exige a extinção da "regra do mais velho". Assim, ao mudar o jogo sucessório, Del Nero conquistaria apoio da maioria dos presidentes de federação no momento em que mais precisa se fortalecer.

Além dessa mudança, ele prepara uma alteração para que a CBF passe a ter limite de dois mandatos de quatro anos para seus presidentes. Assim, adotaria uma medida que agrada a opinião pública, algo fundamental para o rei que vê seu trono ameaçado.

Enquanto prepara as mudanças, Del Nero não disse a seus interlocutores que pretende renunciar. Na soma de todos os fatores o resultado é que o presidente só renuncia se o FBI mostrar o "batom na cueca", se é que existe mancha para ser mostrada. Essa é a opinião dos cartolas mais interessados no futuro da CBF.

Até agora, ele não foi citado nominalmente nos relatórios do "propinobol", o escândalo de corrupção que abala o futebol mundial. Mas, há entre os suspeitos um dirigente com credenciais que batem com as suas. Del Nero, que como todo cidadão não pode ser condenado por antecipação, afirma que nunca participou do esquema de propinas.

 

 

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.