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Corinthians quer mudar acordo que dita vendas na arena para não dar calote

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09/10/2015 09h22

O plano de vendas das propriedades da Arena Corinthians, feito antes de o estádio ser construído, não condiz com a realidade. Se ele não for alterado, o alvinegro fracassará na missão de conseguir pagar em dia o que deve pela obra. Essa é a conclusão a que o clube chegou. Por isso, negocia com o fundo que administra sua casa a mudança no contrato de comercialização.

Apesar de todos envolvidos entenderem a necessidade de alteração, há divergências entre Odebrecht e Corinthians sobre o assunto. As diferenças, aliás, impediram que o fundo já tivesse respondido ao questionário feito pela Caixa para conceder uma nova carência no pagamento do financiamento de R$ 400 milhões feito junto ao BNDES.

Entre outras questões, a Caixa, intermediária do financiamento, quer saber exatamente como o estádio vai gerar receitas para quitar a dívida. É aí que a roda pega. O contrato de comercialização estabeleceu uma série de amarras que impedem o Corinthians de negociar melhores preços e condições para seus clientes.

Existem valores mínimos para vendas. Se o clube quiser dar desconto, não pode. Quando o contrato foi assinado, o Corinthians fez questão de estipular o piso de valores comerciais, mas hoje considera grande parte dessas quantias altas. Elas dificultam a venda, e consequentemente o pagamento das parcelas da dívida, apesar de não haver atraso, segundo a direção.

O argumento corintiano é de que vários fatores fizeram com que os valores determinados não correspondessem à realidade. O atraso nas obras, as notícias negativas sobre a construção, o fato de o estádio não ter ficado como o planejado (o clube reclama que muitos itens não teriam sido feitos, o que a construtora nega) e a crise financeira do país afugentaram clientes na opinião dos alvinegros. Assim, existe a necessidade de tornar o contrato de comercialização mais realista.

Apesar das divergências em relação às alterações, os corintianos estão otimistas, esperam entre esta sexta e o início da próxima semana responder às perguntas da Caixa já com dados baseados no plano de negócios a ser alterado em seguida. "A Odebrecht está finalizando com o clube os últimos ajustes em relação aos esclarecimentos solicitados pela Caixa", afirmou a assessoria de imprensa da construtora ao blog, sem responder sobre a alteração no contrato solicitada pelo Corinthians.

Vale lembrar que mesmo considerando o modelo de comercialização atual fora de sintonia com a realidade, a direção alvinegra não crê que o estádio seja financeiramente inviável atualmente. A avaliação é de que, ainda que incompleta na visão dos corintianos, a arena é excelente e sustentável. O que ela não consegue sem mudanças, na opinião do clube, é garantir o pagamento da dívida nos prazos estipulados.

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.