Topo

Perrone

Patrocinador não é convidado para festa do título e reclama com Palmeiras

Perrone

09/12/2015 08h34

(Crédito: Diego Padgurschi/Folhapress)

(Crédito: Diego Padgurschi/Folhapress)

Os donos do grupo que topou investir pelo menos R$ 100 milhões no Palmeiras não foram convidados para a festa do título da Copa do Brasil, na última quinta, num hotel de São Paulo. Antes disso, ainda no gramado do Allianz Parque, ficaram surpresos ao verem a equipe festejar com uma camisa branca em que as marcas da Crefisa e da FAM (Faculdade das Américas) não tinham o mesmo destaque que têm no uniforme principal.

Os dois episódios não foram ignorados pela empresa. No dia seguinte ao festejo no Holyday Inn Anhembi, Eduardo Rodrigues, da área de marketing da FAM e escalado para a gestão da parceria pelo lado do patrocinador, se reuniu com cartolas do Palmeiras. Ele reclamou com os cartolas. Mauricio Percivalle Galiote, primeiro vice-presidente palmeirense, participou de parte do encontro e ouviu as queixas.

"Disse ao Maurício que como patrocinadores nós deveríamos ter sido convidados. Ele falou que a comissão técnica pediu que a festa fosse para poucas pessoas, mais para jogadores e familiares. Mas eles (dirigentes) reconheceram que poderiam ter feito o convite", afirmou Rodrigues ao ser procurado pelo blog.

Apesar da alegação que o representante dos patrocinadores ouviu, a festa não foi tão exclusiva assim. Os conselheiros e diretores titulares do clube foram convidados. Porém, sem direito a acompanhante. O conselho tem mais de 280 membros.

"Também falei na reunião que não foi legal terem feito uma camisa comemorativa sem nos consultar. Achamos que nossas marcas não apareceram como no uniforme principal e ficamos chateados. Eles disseram que resolveram fazer na última hora, por isso acabaram não falando com a gente. Mas está tudo bem, não tem briga por causa disso e por causa da festa", declarou Rodrigues.

Pessoas próximas ao casal de donos da Crefisa e da FAM, no entanto, afirmam que José Roberto Lamacchia e Leila Pereira estão irritados com a direção palmeirense.

Por meio de sua assessoria de imprensa, a diretoria do Palmeiras afirmou que questões relativas a seus patrocinadores são debatidas apenas entre as partes e não no Blog do Perrone.

Lamacchia e Leila, que não foram convidados para festa do título, vão gastar cerca de R$ 38 milhões só com Barrios, entre custo da contratação, salários, luvas, comissão para agente e impostos. Esse dinheiro entra em forma de patrocínio ao programa de sócio-torcedor do Palmeiras.

Além do que investe para estampar suas marcas na camisa, a empresa aceitou colocar investir mais R$ 10 milhões na construção do hotel do CT palmeirense, que em troca deve ganhar o nome da Crefisa.

Obra parada

Mas a construção do hotel está praticamente parada porque a patrocinadora espera a assinatura de um contrato específico para esse projeto. "O contrato está sendo feito e depende muito mais do Palmeiras para ficar pronto. É uma questão só de tempo, não existe nenhum problema, o relacionamento entre as partes está muito bom. Antes faltava um pouco de comunicação", disse Rodrigues. O funcionário da FAM começou a atuar na parceria pouco antes de Leila dar entrevista ao "Lance!" reclamando que Palmeiras e Adidas lançariam uma camisa comemorativa com a marca da Parmalat, patrocinadora do clube nos anos 1990, sem consultar sua empresa. O projeto foi abortado depois da queixa.

Para argumentar que não existem problemas hoje entre os parceiros, Rodrigues cita o fato de a taça da Copa do Brasil ser exposta na FAM na próxima semana junto com peças de uniforme cedidas por jogadores do Palmeiras.

Insatisfação interna

Parte dos conselheiros do clube também reclamou de o casal milionário não ter sido convidado para a festa. Os críticos consideram que faltou habilidade para a diretoria que, na opinião deles, colocou em risco o relacionamento com o parceiro. Afirmam que um personagem que há anos transita com desenvoltura nos bastidores palmeirenses e é conhecido como Adilson Moeda, uma espécie de faz-tudo dos jogadores, teve mais acesso aos campeões do que o casal responsável por injetar uma fortuna no Palmeiras.

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.