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Derrotas fazem Nobre ser criticado de forma inédita durante sua gestão

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26/03/2016 10h12

Presidente do Palmeiras desde 2013, Paulo Nobre nunca enfrentou tantas críticas de conselheiros do clube como agora. Até então, o cartola se diferenciava de seus antecessores Arnaldo Tirone e Luiz Gonzaga Belluzzo por ser pouco atacado por membros do conselho. Porém, os recentes maus resultados da equipe mudaram o status do dirigente.

Chama atenção o fato de grande parte das críticas partir de conselheiros situacionistas. Os descontentes já falam que pode haver uma ruptura com Nobre na próxima eleição afetando o candidato escolhido pelo presidente, que fica no cargo até o final do ano. Os vice-presidentes Mauricio Percivalle Galiotte e Genaro Marino Neto são os mais cotados para se candidatar com o apoio de Nobre.

O fraco desempenho da equipe que sofreu quatro derrotas em 11 jogos do Paulista e duas em quatro partidas da Libertadores é o ponto de partida paras críticas. O baixo rendimento é visto até por aliados do presidente como consequência de uma série de decisões do presidente consideradas equivocadas. A principal delas é manutenção de Alexandre Mattos como executivo de futebol.

Os críticos avaliam que Nobre demorou para demitir Marcelo Olvieira e que quando o fez deveria ter degolado Mattos também. Eles reclamam que o presidente deu demasiado poder para o executivo, sem controlar os gastos dele com contratações e nem a qualidade dos jogadores contratados.

Porém, o que mais incomoda é o fato de Nobre não se incomodar com as seguidas contratações de jogadores ligados ao empresário Eduardo Uram, como Vagner, Roger Carvalho, Erik, Rodrigo, Vitor Hugo e Egídio. O agente também foi o responsável por negociar com o clube o técnico Cuca.

Para montar o contestado time atual, Nobre emprestou mais cerca de R$ 8,9 milhões ao clube em janeiro, alegando que houve um descompasso entre receitas e despesas que seria corrigido nos meses seguintes. Ele já havia emprestado pelo menos R$ 140 milhões ao Palmeiras.

Membros do COF (Conselho de Oreintação e Fiscalização) reclamam dos gastos e não querem mais que o presidente tire dinheiro do bolso para tocar o clube.

O acordo aprovado pelo Conselho Deliberativo para pagar o dirigente com 10% da receita mensal palmeirense começa a ser visto com preocupação. Relatório do Itaú BBA que questiona a fórmula palmeirense de buscar equilíbrio financeiro por meio de empréstimos de seu presidente é usada para ilustrar a situação.

Dinheiro é também o motivo para conselheiros já estarem com o dedo no gatilho, preparados para um novo disparo. O fato de Cuca admitir pedir novas contratações já gerou novas queixas. Se elas se concretizarem, haverá mais barulho, pelo menos internamente, contra Nobre.

 

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.