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Histórico de Tite mostra que Dunga e projeto corintiano pesam contra CBF

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12/04/2016 08h59

O histórico de Tite explica os motivos para o treinador estar arredio em relação a intermediários da CBF. Segundo o portal Globo Esporte, representante da entidade procurou pessoa ligada ao técnico na semana passada e ouviu um "não". A confederação nega ter autorizado alguém a fazer o contato.

Se for coerente com seu discurso tradicional, o corintiano só vai aceitar ouvir o que a CBF tem para dizer quando o cargo estiver vago.

"O que não vou fazer, e assumo publicamente isso, é conversar em algum local onde haja um treinador com contrato vigente. Isso eu não faço de jeito nenhum", disse Tite ao UOL Esporte em novembro de 2014, quando estava desempregado.

Mas o fato de o cargo estar ocupado não é o único empecilho. A atual fase do Corinthians também atrapalha. O treinador é contrário à ideia de abandonar clubes antes do final do contrato. Foi assim em sua passagem anterior pelo alvinegro quando recebeu uma oferta do futebol chinês para receber quatro vezes mais do que ganhava no Parque São Jorge e não aceitou.

Tite tem compromisso até o final de 2017 com o alvinegro. Há cláusula que permite a rescisão sem multa para as duas partes. O treinador acha justo que os dois lados tenham esse direito se houver insatisfação. Mas não é o que acontece hoje. Ele está feliz no clube porque entende que o trabalho desta temporada está dando resultado. A diretoria também está satisfeita.

A situação é diferente em relação ao início do ano quando ele estava chateado com o desmanche enfrentado pela equipe.

Nesse cenário, aceitar uma proposta para treinar a seleção brasileira significaria para Tite ignorar duas premissas valiosas para ele: não atravessar colega empregado e não abandonar um trabalho pela metade.

E o fato de Marco Polo Del Nero, presidente da CBF, ser alvo de acusações do FBI em investigação sobre corrupção, atrapalha? Historicamente, o técnico corintiano demonstra mais preocupação com a afinidade em relação aos projetos futebolísticos dos dirigentes do que com seus problemas pessoais.

"Sintonia de pensamento com as pessoas que comandam o clube é a primeira coisa. (Sentar com) um diretor, presidente e falar: 'olha, nós pensamos futebol parecido, nossa realidade é essa, nosso elenco é esse, as possibilidades de contratações são essas e pode chover canivete pra cima e pra baixo que você vai ter tempo pra trabalhar", afirmou o treinador ao UOL Esporte, também em novembro de 2014.

Vale lembrar que, de acordo com a Folha de S.Paulo, em 2015, em meio ao escândalo de corrupção no futebol mundial que atingiu também a cúpula da CBF, Tite se recusou duas vezes a conversar com intermediário da entidade.

Tanto pelo que aconteceu naquela oportunidade, como em 2016, o treinador já deixou claro entender que ser chamado para treinar a seleção brasileira não é como uma convocação para servir a pátria. Ele não se sentiria obrigado a aceitar o convite. Apesar de esse ser um sonho antigo.

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.