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Muito além da chance de título, o que o São Paulo põe em jogo na Colômbia

Perrone

13/07/2016 08h24

Superar a derrota para o Atlético Nacional por 2 a 0 em casa e conseguir uma histórica classificação para a final da Libertadores não é tudo que está em jogo para o São Paulo nesta quarta na Colômbia. Veja abaixo os outros reflexos que a partida decisiva deverá ter no futuro tricolor.

Grana

Chegar à final da Libertadores representaria para o clube a entrada de pelo menos mais US$ 1,5 milhão em premiação. Essa é a quantia que a Conmebol dará ao vice-campeão. O título vale US$ 3 milhões. Além disso, como finalista, o São Paulo teria a renda de mais um jogo em casa. Na abertura das semifinais, a arrecadação foi de R$ 7.526.480,00. Já a queda deve condenar a equipe a arrecadações pífias no Brasileirão, caso não haja uma rápida recuperação.

Política

Ser o presidente que levou o São Paulo de volta a uma final de Libertadores, após dez anos sem disputar o título, fortaleceria a campanha do presidente Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, à reeleição. Ele é o único que já anunciou a candidatura para o pleito de abril do ano que vem. A conquista da taça o tornaria imbatível na votação, acreditam alguns de seus aliados. Porém, a eliminação provavelmente deixará como última imagem de Leco no torneio a de ter alimentado a oposição com a decisão de levar para a Colômbia entre os diretores convidados Ataíde Gil Guerreiro, ex-vice de futebol, atualmente diretor de relações institucionais e que foi expulso do Conselho Deliberativo. A ligação do presidente com Guerreiro é uma das armas dos oposicionistas para tentar tirar votos de Leco.

 Bauza

Em jogo está o prestígio de Edgardo Bauza e a paciência que o torcedor terá com ele daqui para frente. O treinador desembarcou no Morumbi como especialista em Libertadores por ter conquistado dois títulos do torneio. Se reverter na Colômbia a difícil situação da equipe, reforçará esse status. A eliminação aumentaria o barulho em torno de algumas decisões do técnico, como colocar Ganso em campo no segundo tempo do jogo contra o Fluminense e ver o meia se machucar, ficando fora das semifinais. Há também a questão de ele ter preferido improvisar o time a botar Lugano em campo após a expulsão de Maicon no primeiro jogo da semifinal.

Ídolo

Chegar à final vale para Maicon a chance de provar sua importância ajudando o São Paulo à disputar a decisão. Se o time cair na Libertadores, ele terá de conviver com o carimbo de jogador que custou R$ 21,6 milhões e teve participação importante na eliminação ao ser expulso no primeiro jogo com o Atlético Nacional quando a partida ainda estava empatada. Após seu cartão vermelho, os colombianos chegaram com certa facilidade ao placar de 2 a 0.

Despedida

Se o São Paulo for eliminado na Libertadores nesta quarta, a partida contra o Fluminense pelo Brasileirão deverá ficar marcada como a última oficial de Ganso pelo clube. O meia tem boas chances de se transferir para o Sevilla e com a queda nas semifinais perderia a chance de se despedir ajudando o clube a conquistar o título continental.

Clássico

Uma classificação heroica na Colômbia certamente faria o time tricolor chegar com mais moral em Itaquera para enfrentar o Corinthians pelo Brasileirão no domingo, ainda que Bauza decida atuar com reservas. Porém, é natural o abatimento entre times brasileiros eliminados da Libertadores.

Torcida

A vaga na final não daria chances para protestos da Independente, principal organizada são-paulina. Já a eliminação aconteceria justamente no primeiro jogo após a diretoria romper com a uniformizada por causa dos distúrbios na primeira partida das semifinais em volta do Morumbi. A queda pode ser a senha para a Independente fazer fortes cobranças à direção.

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.