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Maracanã parecia presídio depois de rebelião ao final de Fla x Corinthians

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24/10/2016 09h37

Policiais procuram membros de organizadas do Corinthians que agrediram PM

Policiais procuram membros de organizadas do Corinthians que agrediram PM

O Maracanã viveu uma tarde de tensão neste domingo, desde que flamenguistas e corintianos tentaram romper a divisão que separava as duas torcidas nas arquibancadas em episódio que culminou com a briga entre policiais e alvinegros.

Depois da briga, quando o jogo estava empatado em um gol, nova ação da PM aumentou o nervosismo entre os visitantes. Veio a ordem de um líder da Camisa 12: "tirem as bandeiras do bambu". Imediatamente, os mastros foram apontados na direçāo dos policiais, como se fossem lanças, mas nāo chegaram a ser usados como armas. Houve correria e logo a situação se acalmou.

Então, começou a caçada dos policiais aos agressores de seus colegas. Todas as organizadas tiveram que sair da arquibancada e levar seus objetos para serem revistados no corredor do estádio.

Com fotos de vários torcedores nas telas dos celulares, os PMs checavam os rostos dos corintianos em rodas formadas no corredor para buscar os acusados, identificados antes em imagens de TV. "Machucaram um dos nossos companheiros mais gente boa. Não vamos bater em ninguém, vamos achar quem fez isso e prender. Já achamos um", contava um dos policiais.

Ao final da partida, a caçada se intensificou. Mais de 45 minutos depois do fim do jogo, policiais atravessaram o corredor com um torcedor preso. Entraram com ele por uma porta na qual se lia a inscrição: "área restrita". Então, deu para ouvir o que parecia o som de pancadas. Não foram ouvidos gemidos e nem gritos. Pouco depois, apenas um policial saiu de lá e foi cumprimentado por colegas.

Por volta das 20 horas, um PM gritou: "todas as mulheres podem sair, só as mulheres". Torcedoras integrantes de organizadas passaram pelo portão e aguardaram os homens na rampa que leva à saída do estádio.

Do lado de dentro, todos os torcedores identificados como membros de organizadas foram amontoados perto de uma parede. Os policiais separaram dois deles, que ficaram sentados no chão. Daí veio a ordem para que o grupo tirasse a camisa e voltasse para a arquibancada.

Quem ficou no corredor teve dificuldade para sair, mesmo sem pertencer as uniformizadas. "Mostrem a chave do carro", dizia um dos policiais que controlava a saída para torcedores que suspeitava serem membros de caravanas das

 organizadas tentando escapar da operação.

Quem voltou para arquibancada mandava mensagem para amigos pedindo ajuda e para a imprensa ser informada do que estava acontecendo.

Às 21h30, já fora do estádio, o blog recebeu a mensagem de um membro da Gaviões da Fiel que estava em São Paulo, mas tinha amigos e parentes no Maracanã informando que os torcedores estavam no ônibus, iniciando a viagem de volta. Contou, porém que havia gente machucada. Assim, parecia terminar mais um domingo de horrores no futebol brasileiro.

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.