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Para oposição, ato antecipado de Andrade torna suspeita eleição corintiana

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22/10/2016 06h00

A informação de que Roberto de Andrade assinou como presidente a ata de uma assembleia do fundo responsável por administrar a Arena Corinthians dois dias antes de ser eleito para o cargo, em 7 de fevereiro de 2015, fez conselheiros de oposição no clube colocarem sob suspeita a eleição.

Pelo menos um deles promete ir ao Ministério Público para acusar o cartola de praticar falsidade ideológica, já que segundo documento publicado pela coluna Época Esporte Clube, da "Revista Época", ele assinou a ata como se ocupasse um posto que não era dele. Mário Gobbi ainda estava na presidência na ocasião.

A tese levantada agora por membros de diferentes alas da oposição é de que, se Roberto teve confiança para assinar como presidente antes de ser eleito, pode ter havido fraude na eleição

"Eu, que trabalhei noite e dia pelo meu grupo, quero saber como ele [Andrade] tinha tanta certeza de que ganharia", afirmou ao blog o oposicionista Fran Papaioradanou.

"Claro que isso mostra que a eleição pode ter sido fraudada. É bom lembrar que antes da votação existia a suspeita de que estavam deixando votar pessoas que não estavam aptas. Pedi que o voto delas fosse em uma urna separada, mas não aceitaram", disse Romeu Tuma Júnior, também conselheiro de oposição.

"Quando ele (Andrade) assina como presidente antes de acontecer a votação, deixa a eleição sob suspeita. Mostra que tem alguma coisa errada. Alguém não queria alguma coisa que alguém queria. O Gobbi não quis assinar? Agora quero ver todos os documentos dessa reunião, quero saber quem foi beneficiado com o que foi decidido lá. O Corinthians não foi, é vítima, e as pessoas vão ter que responder pelos seus atos. Vou denunciar o Roberto por falsidade ideológica ao Ministério Público", declarou o oposicionista Rubens Gomes.

"Se acham que a eleição está sob suspeita, devem pedir a abertura de uma sindicância no clube para investigar", rebateu André Luiz Oliveira, primeiro vice-presidente corintiano, eleito junto com Andrade. Na última segunda, ele disse ao blog que ocupa um cargo decorativo e que iria conversar com o presidente para resolver sua situação. Até a publicação deste post a conversa não tinha acontecido.

Andrade não atendeu ao blog, porém, o Corinthians publicou em seu site nota oficial afirmando que o presidente não cometeu fraude e que quando a ata da assembleia foi lavrada ele já estava na presidência, por isso colocou sua assinatura. A nota também afirma que os temas já tinham sido alinhados entre as partes e que por isso não houve reunião presencial. Essa versão não muda o fato de que houve irregularidade, já que o documento teria relatado uma assembleia que não existiu.

Gobbi, que ocupava a presidência no dia da assembleia do fundo, não foi localizado pelo blog.

Abaixo, leia na íntegra da nota oficial publicada no site do Corinthians sobre o assunto.

 

"O presidente Roberto de Andrade Souza vem a público esclarecer que jamais fraudou qualquer documento, seja em relação ao Corinthians, seja em sua vida pessoal ou profissional. A ata mencionada na matéria da Revista Época se refere a uma assembleia do Arena FII realizada na sexta-feira, dia 05/02/15. A eleição do Presidente Roberto ocorreu em 07/02/15. Quando a ata foi lavrada, o Presidente Roberto já se encontrava no exercício de seu mandato. Os temas objeto da ata já haviam sido previamente alinhados entre as partes, de modo que sequer houve reunião presencial, como é comum nesses casos. A ata foi elaborada pela BRL Trust, administradora do Fundo, e posteriormente encaminhada para assinatura do Corinthians e da Odebrecht.

Importante, por fim, esclarecer que embora a assembleia em questão tenha aprovado a assinatura do sexto aditivo ao Contrato de Construção celebrado entre Corinthians e Odebrecht, ao tomar conhecimento do teor integral do documento, o Presidente Roberto optou por não assiná-lo."

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.