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As críticas e elogios à contratação de Ceni dentro do São Paulo

Perrone

25/11/2016 11h24

A contratação de Rogério Ceni dividiu opiniões no São Paulo. Abaixo, veja as principais críticas e elogios feitos à diretoria por ter transformado o ex-goleiro em treinador.

Críticas

1 – Contradição

Conselheiros que defendiam a efetivação de André Jardine, treinador da equipe Sub-20, reclamam que ele teve tratamento diferente do dado a Ceni.

A principal queixa foi feita por Sebastião Antunes Duarte, conselheiro situacionista conhecido como Tião Gouveia, sobrenome emprestado do restaurante do qual foi dono. Ele enviou mensagem cobrando Marco Aurélio Cunha. "Você disse que André Jardine nunca tinha treinado um time grande, portanto não tinha experiência para treinar o São Paulo. Mais de 80% dos conselheiros queriam André Jardine até o fim do ano. André é técnico há mais de 15 anos, entre Inter e SPFC tem quase 40 títulos, está na final do Campeonato Brasileiro e talvez (seja) bi da Libertadores da categoria. Já Rogério nunca treinou um time profissional nem de várzea. Como pode ser técnico do nosso São Paulo? Sou totalmente contra", escreveu o situacionista para Cunha.

O executivo de Futebol disse que respondeu ao conselheiro apenas que passará pessoalmente a Rogério a opinião dada por ele. Ao blog, Marco explicou sua posição em relação ao técnico do sub-20. "Disse que treinadores da base dificilmente se sustentam por falta de respaldo. Jardine tem muita qualidade e será, se quiser, treinador de ponta. Clubes grandes fritam treinadores sem respaldo. Rogério tem de sobra", declarou Cunha.

2 – Promessa não cumprida

Contratar Ceni depois de o presidente são-paulino assegurar a permanência de Ricardo Gomes também gerou reclamações. O argumento é de que faltou palavra a Leco e que ele ficou com a imagem desgastada. Já para a diretoria, é natural que análises mudem.

3 –  Salário

Mesmo sem saber precisamente quanto Rogério vai ganhar, os críticos da contratação afirmam que certamente ele não receberá o que Jardine ou outro iniciante embolsaria. E lembram que a diretoria prega uma política de corte de despesas. As direção não revela quanto pagará, mas sustenta que o combinado está dento da realidade do clube.

4 – Contratações

Conselheiros, incluindo situacionistas, afirmam que Ceni condicionou sua aceitação ao cargo a várias contratações e que isso vai interromper o processo de aproveitamento de jogadores da base, além de fazer o clube gastar mais do que deveria. Na visão da direção, com o elenco atual, é impossível não trazer reforços.

5 – Tempo de contrato

Os críticos afirmam que, como Rogério é uma incógnita segurando a prancheta, o mais seguro seria assinar contrato por um ano, não por dois, como a direção assinou. Ao final de 2017, sua continuidade seria avaliada.

6 – Multa

O fato de Leco ter aceitado a exigência de colocar cláusula de multa rescisória no contrato também gera críticas contra ele. A afirmação é de que o clube deveria ter uma situação mais confortável para demitir o técnico no meio do caminho, se achar necessário. Para a diretoria, a oposição é contraditória pois reclamava que os contratos de Bauza e Osorio eram sem multa, o que facilitou a saída dos dois treinadores.

7 – Eleição

A oposição diz que a escolha por Ceni foi eleitoreira. Leco vai concorrer de novo à presidência em abril e estaria usando o prestígio de Rogério junto a sócios e conselheiros para ganhar pontos. Para a direção, não há como paralisar o clube até a eleição.

Elogios

1 – Espírito vencedor

Membros da diretoria que apoiam a contratação de Ceni afirmam que nos últimos anos o clube sofreu com jogadores que não sentiam o peso das derrotas. Lembram que Ceni odeia perder e apostam que ele cobrará fortemente os atletas nas derrotas. Assim, Leco teria dado um grande passo para resgatar o espírito vencedor do time ao trazer o ex-goleiro.

2 – Ajuda em contratações

Uma das qualidades de Ceni ressaltadas por quem elogia a escolha é o fato de que desde o tempo de jogador ele se interessava em ajudar o time a buscar reforços conversando com atletas que avaliava serem bons. Aloisio Chulapa, por exemplo, diz que foi contratado por causa do aval de Rogério. A expectativa agora é de que ele não fique parado esperando a diretoria e busque diretamente bons jogadores.

3 – Limpeza

Como conhece bem o elenco são-paulino, Ceni é visto como um treinador que terá mais facilidade do que a maioria para identificar quem não serve para a equipe e fazer as dispensas necessárias antes mesmo de a temporada começar.

4 – Trabalho

Nos tempos de goleiro, Ceni era reconhecido como um dos jogadores que mais trabalhavam no clube. Assim, Leco tem sido elogiado por contratar um treinador que, em tese, será trabalhador, constantemente estudará adversários, analisará o desempenho de seu time e comandará treinos intensos. Até o fato de Rogério ter ido correr à noite no Morumbi após praticamente definir seu acerto, na última quarta, é visto como demonstração de sua obsessão por treinamentos.

5 – Modernidade

Quem conhece o projeto apresentado por Rogério ao São Paulo afirma que ele é moderno, em sintonia com as aspirações do clube, que está modernizando seu estatuto.

6 – Tática

Para rebater as críticas sobre a falta de experiência do Ceni como treinador, os apoiadores de sua contratação afirmam que ele sempre demonstrou ser um profundo conhecedor de futebol em termos táticos. Ou seja, o novo técnico tem, segundo essa tese, recursos de sobra para usar na prática.

7 – Respaldo

Leco também é elogiado pelos que aplaudiram sua escolha por trazer o único nome que poderia ter total apoio da torcida. Existe confiança de que os torcedores terão mais paciência com Rogério do que teriam se fosse qualquer outro o escolhido.

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.