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Andrés justifica fala polêmica sobre Odebrecht e ouve conselho para delatar

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27/04/2017 11h06

Pressionado por um pedido de conselheiros para que o presidente do Corinthians o desautorize a falar pelo clube diante da Odebrechet, Andrés Sanchez tem usado as redes sociais para se defender, trocando farpas com seus críticos. Na batalha, sobrou até uma sugestão para que o deputado federal faça uma delação premiada para contar o que sabe sobre a construção do estádio do clube.

O problema começou quando o ex-presidente corintiano disse ao UOL Esporte que a Odebrecht não senta com ninguém se não for com ele. O deputado federal negava um acordo para a construtora deixar o fundo que administra a arena alvinegra.

Por causa das declarações, os conselheiros Romeu Tuma Júnior e Herói Vicente entregaram requerimento ao presidente do Conselho Deliberativo, Guilherme Gonçalves Strenger pedindo que fosse determinado a Roberto de Andrade que desautorize publicamente Andrés a  negociar com a Odebrecht em nome do clube. Um dos motivos alegados é o fato de Sanchez ser citado em delação de Marcelo Odebrecht como recebedor de doação de campanha via caixa 2, segundo a Folha de S. Paulo. Ele nega o recebimento.

Ao repassar a mensagem para o presidente do clube, Strenger aumentou a pressão ao escrever que Andrés não pode falar como mandatário do Corinthians.

Sanchez reagiu com vídeos publicados em redes sociais. Primeiro, afirmou que não quis dizer que a Odebrecht só fala com ele no clube.

"Eu não falei aquilo, que só negocia comigo. Eu quis dizer que eu dificilmente saberia de uma negociação se eu não ficasse sabendo, então jamais falaria aquilo e jamais tomaria uma atitude no Corinthians, há cinco anos, se não for de confidência e junto com o presidente. Quem manda no Corinthians é o presidente e sua diretoria.  Por isso não faço nada sem ser convocado ou comunicado por ele. Por isso, essas pessoas que nunca fizeram nada pelo Corinthians, nunca, você pode pegar nas histórias mais recentes, nos últimos 20 anos e citar aqueles nomes e ver se alguém fez alguma coisa pelo Corinthians. Agora eles ficam falando, fazendo e jogando com a imprensa, isso é muito triste, muito ruim pro Corinthians", afirma Andrés em um dos vídeos.

 Em outra gravação, o deputado federal declara que o presidente do conselho e conselheiros querem o proibir de falar. "Isso é inacreditável. Eu sou conselheiro vitalício, sou ex-presidente do Corinthians, tenho o direito de falar o que eu acho e o que é melhor para o clube, dar minha opinião. Agora, não tenho o direito de assinar e tomar decisões. E não estou tomando. Eles ficam se pegando, não sei, eles devem ter um carma comigo. Agora o tempo vai mostrar quem fez alguma coisa pelo Corinthians. Errando ou acertando. E olha que vem mais aí, um abraço", afirmou o ex-presidente na mensagem.

Tuma Júnior rebateu o ex-dirigente com uma gravação de voz distribuída para conselheiros. Nela, ele diz que quer, sim, que Andrés fale e conte tudo que sabe. Sugere até que ele faça uma delação premiada.

 "Não sei a quem ele se refere. Mas a verdade, de minha parte, eu gostaria muito que ele falasse. Falasse bastante, esclarecesse muitos fatos que estão sendo noticiados e deixasse as coisas bem claras. Não queremos que ele deixe de falar, queremos que ele fale bastante, mas fale a verdade. Esclareça os fatos, diga o que aconteceu no Itaquerão… Esclareça claramente aquelas entrevistas que ele deu lá atrás quando dizia: 'se eu contar a verdade, o Lula vai ficar mal nessa história'. Fala, Andrés, fala bastante, fala a verdade. Não faça insinuações, não faça ameaças veladas. Isso pode lhe trazer muitos prejuízos, inclusive de ordem criminal. Inclusive, se precisar, se for necessário, até lhe aconselho, procure o procurador-geral e faça uma colaboração premiada. Isso pode te beneficiar bastante. Para o seu bem e para o bem do Corinthians", disse Tuma Júnior.

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.