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Corinthians rejeita pedido da Caixa e impede trato para retomar pagamento

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29/08/2017 04h00

Com Dassler Marques, do UOL, em São Paulo

O Cori (Conselho de Orientação do Corinthians) rejeitou nesta segunda (28) exigência da Caixa Econômica encaminhada ao órgão pelo presidente do clube, Roberto de Andrade, para que as receitas do programa de sócio-torcedor do alvinegro passassem a ser entregues para o banco. O dinheiro seria usado para quitar parte da dívida pela construção da arena em Itaquera caso o clube não conseguisse quitar as prestações com outros recursos.

Com a decisão, a proposta não será nem encaminhada ao Conselho Deliberativo, que daria a palavra final sobre o caso.

A recusa dificulta ainda mais o acordo com o banco para que o clube volte a pagar, por meio do fundo responsável pela operação, as prestações referentes aos R$ 400 milhões financiados pelo BNDES por intermédio da Caixa para o pagamento da obra do estádio. Em 2016, o Corinthians obteve autorização para pagar somente juros e, posteriormente, nem isso até pelo menos abril de 2017 enquanto negocia uma nova forma de pagamento.

Apesar de o acordo ter sido costurado pela diretoria, havia na direção quem fosse contra comprometer mais receitas para pagar a dívida. É o caso de André Luiz de Oliveira,  o André Negão, que participou da reunião do Cori por ser o presidente em exercício do clube já que Andrade se afastou do cargo para viajar.

"Nós queremos pagar as prestações, mas no valor atual não conseguimos. Estamos pedindo para reduzirem o valor (mudando a forma de financiamento) e eles pediram mais uma garantia (as receitas do Fiel Torcedor). Não concordo porque eles já têm uma garantia (rendas das partidas). Se não aceitarem sem (o cumprimento da nova exigência), vão continuar sem receber, o que não é a nossa vontade", disse o dirigente. Ele não teve direito a voto por não ser membro do órgão, no qual a situação é maioria. O cartola também afirmou não saber de cabeça qual o valor atual da prestação.

Pelo modelo vigente, toda a receita de bilheteria nos jogos da equipe precisa ser repassada para o pagamento das prestações. Um dos motivos que levaram os integrantes do Cori a rejeitar a cessão das receitas do Fiel Torcedor foi o entendimento de que o clube ficaria ainda mais sufocado financeiramente. O repasse do dinheiro referente ao programa criado para os torcedores seria retido até que fossem atingidos R$ 50 milhões. A receita poderia ser liberada em março de 2019 caso 12 prestações seguidas fossem pagas sem atraso.

Outros argumentos usados foram que houve pouco tempo para analisar o tema e que o assunto não havia passado pela comissão do Conselho Deliberativo encarregada de analisar casos que envolvem a arena.

Pré-candidatos de oposição à presidência corintiana, os conselheiros Romeu Tuma Júnior e Osmar Stabile cobraram antes da reunião que membros do Cori não aprovassem a medida.

Uma das leituras feitas por integrantes do órgão é de que a diretoria agora está numa situação confortável, pois pode dizer para a Caixa que tentou aprovar a condição exigida por ela, mas que não obteve autorização. Quem pensa assim crê que a direção não queria aceitar a exigência.

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

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