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MPF cita verba da União na Rio-16 como agravante em suposta compra de voto

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06/09/2017 08h41

Na denúncia do suposto esquema de compra de voto na escolha do Rio como sede olímpica, o Ministério Publico Federal-RJ reforça a gravidade da acusação com o fato de o evento ter recebido dinheiro do governo federal. Para os procuradores, uma quadrilha, com a participação do ex-governador carioca Sérgio Cabral, tinha interesse na realização da Rio-2016 para lucrar com contratos públicos e propinas.

Em dois trechos da acusação de 129 páginas apresentada pelo MPF-RJ são citados recursos federais repassados para que a realização da Olimpíada fosse possível.

O Ministério Público afirma que, entre 2014 e 2015 e foram feitos saques na conta do Comitê Olímpico Brasileiro, presidido por Carlos Arthur Nuzman, no valor de R$ 1.421.903. E em seguida diz que "vale lembrar que a União abriu crédito extraordinário de R$ 2.900.000" para auxilio financeiro do Estado do Rio de Janeiro para segurança pública a fim da realização dos jogos.

Na sequência, diz que o Ministério do Esporte realizou convênios com o Comitê Olímpico Brasileiro e com o Comitê Paralímpico Brasileiro. São citados oito casos que somados renderam repasse bilionário.

Os promotores também declaram que com a realização da Olimpíada, o "grupo político capitaneado por Sérgio Cabral teve ampla possibilidade de capitalizar-se politicamente e receber milhões em investimentos para obras públicas". A acusação aponta ainda que diversas obras anunciadas como legado olímpico renderam milhões em pagamentos de propina a Cabral e membros da suposta organização criminosa. Como exemplos, são citados o Maracanã, a Linha-4 do Metrô e o arco metropolitano.

Interessado em que empresas nas quais tem participação fossem contratadas para executar obras relacionadas aos Jogos, o empresário Arthur Soares teria providenciado o pagamento de US$ 2 milhões para assegurar o voto de membros africanos do COI (Comitê Olímpico Internacional). O valor seria devido em propinas ao ex-governador. Esse acordo teria sido entabulado por Nuzman, que por meio de seu advogado nega ter cometido irregularidades.

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.