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Falta de movimento para afastar Nuzman ajudou em pedido de prisão

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07/10/2017 11h02

A falta de reação do COB e das federações de esportes olímpicos às investigações em torno de Carlos Arthur Nuzman estão entre os motivos que fizeram com que o Ministério Público Federal do Rio pedisse a prisão temporária do dirigente. No entender dos procuradores, o não afastamento do cartola gerou o risco de que ele pudesse destruir provas. Além disso, foi contestado o fato de o dirigente ainda poder administrar verbas públicas repassadas pelo Ministério do Esporte ao COB.

"De mais a mais, ainda cumpre destacar que, a despeito de toda a investigação que já foi tornada pública, bem como as cautelares já cumpridas, não houve nenhuma movimentação no sentido de afastar Carlos Nuzman e Leonardo Gryner (diretor geral de operações da Rio-16) de suas funções junto ao Comitê Olímpico Brasileiro. Assim, ambos continuam gerindo contratos firmados pelo COB, mediante uso de dinheiro público, além de pleno acesso a documentos e informações probatórias", diz trecho do pedido de prisão temporária.

Ao contrário do que se podia imaginar, a revelação das acusações contra Nuzman, também presidente do Comitê Organizador da Rio-16, antes de sua prisão, não geraram movimentos de dirigentes e atletas por seu afastamento. Ele seguiu normalmente nos cargos.

Apesar de usarem o fato de a dupla não ter sido afastada para pedir a prisão, os procuradores afirmam que o mero afastamento não serviria para garantir a ordem pública e a integridade das provas por causa da influência construída por eles no meio durante décadas.

Nuzman é acusado de participar da compra de votos africanos para o Rio sediar a Olimpíada de 2016, integrando organização criminosa que seria ligada ao ex-governador do Rio Sérgio Cabral, também preso. O grupo vinculado ao político teria o interesse de lucrar com obras olímpicas. O presidente do COB também é acusado de tentar ocultar bens, como 16 barras de ouro de um quilo cada, guardadas na Suíça. De acordo com o Ministério Público, elas só foram declaradas após o avanço das investigações.

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.