Cúpula corintiana se recusa a contestar liminar de Garcia e gera revolta
A diretoria do Corinthians decidiu não tentar cassar as liminares obtidas na Justiça que recolocaram Paulo Garcia e Eduardo Caggiano Freitas na disputa da eleição do próximo sábado (3) e gerou nova polêmica na política alvinegra.
A decisão revoltou membros da comissão eleitoral, que recomendou as impugnações das duas candidaturas. Os pedidos tinham sido acatados pelo presidente do Conselho Deliberativo, Guilherme Strenger.
A indignação acontece principalmente porque Garcia, candidato à presidência, e Caggiano, postulante ao conselho, têm ligações com a atual gestão e receberam tratamento diferenciado em relação ao oposicionista Antonio Roque Citadini. O opositor, também concorrente ao posto máximo no clube, foi impugnado, obteve liminar para participar do pleito, mas viu a direção tentar derrubar a decisão judicial e fracassar.
Garcia indicou membros para a diretoria e tem em como candidatos a vice-presidentes em sua chapa dois ex-integrantes dela: Flávio Adauto, ex-diretor de futebol, e Emerson Piovesan, ex-diretor financeiro. Caggiano é diretor administrativo e um dos organizadores da chapa do situacionista Andrés Sanchez, candidato a presidente.
Luiz Alberto Bussab, diretor jurídico corintiano, afirmou ao blog, em mensagem pelo celular, que a decisão de não tentar cassar as liminares favoráveis a Garcia e Caggiano foi tomada por presidência e vice-presidência do clube.
O blog apurou que membros da comissão eleitoral acreditam que tal postura foi adotada não só para proteger dois candidatos que têm ligação com a diretoria, mas também por supostamente a direção avaliar que Garcia tirará votos de Citadini, hipoteticamente favorecendo Sanchez.
"Nada me surpreende porque todos estão me atacando desde o começo da campanha, o que mostra a força da nossa candidatura", disse Citadini.
Miguel Marques e Silva, presidente da comissão eleitoral, afirmou que só soube da decisão da direção de não tentar cassar as liminares favoráveis a Garcia e Caggiano de maneira oficiosa. "Oficialmente, ninguém me falou nada. Mas não acho normal uma entidade que é acionada na Justiça não se defender", afirmou ele.
Por meio da assessoria de imprensa do Corinthians, o blog questionou o presidente do clube, Roberto de Andrade, sobre ter decidido não tentar reverter o parecer da Justiça favorável aos dois candidatos, diferentemente do que fez em relação a Citadini. Porém, até as 23h46 desta terça, nenhuma resposta havia sido dada.
Já André Luiz Oliveira, primeiro vice-presidente do Corinthians, confirmou ter defendido que o clube não tente derrubar as duas liminares. "Não adianta tentar cassar porque não vai conseguir. As decisões estão bem fundamentadas, então é melhor deixar como está", disse o dirigente.
Indagado porque então o clube agiu (sem sucesso) para anular a liminar que sustenta a candidatura de Citadini, o vice afirmou que os casos não podem ser comparados. "A Justiça deixou claro que a comissão eleitoral não podia fazer uma analogia com a legislação do país para impugnar as candidaturas de Paulo e Caggiano. Agora, o Citadini não pode assumir o clube se ganhar, então entenderam que precisavam questionar a Justiça", declarou André.
Citadini teve sua impugnação pedida pela comissão eleitoral apoiada no entendimento de que ele não pode acumular os cargos de membro do Tribunal de Contas do Estado e de presidente alvinegro, se vencer o pleito. Em primeira instância, ele não obteve a liminar, conseguida após recurso. Prevaleceu a tese de que disputar a eleição não equivale a acumular cargos. A irregularidade só ocorreria em caso de vitória.
Já Garcia foi impugnado por conta da acusação de compra de votos por admitir que pagou para sócios inadimplentes regularizarem suas situações e poderem votar. O estatuto do clube é omisso em relação a tal procedimento, mas a comissão usou a legislação eleitoral brasileira para tomar sua decisão.
O desconto de 50% na taxa para os associados em atraso ficarem em dia foi considerado ilegal pela comissão e eles foram retirados da lista de votantes. Caggiano é apontado pela comissão como idealizador da promoção.
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