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Perícia particular descarta indícios de fraude em eleição corintiana

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20/02/2018 04h00

Laudo particular preparado por cinco peritos atesta que não existem sinais de manipulação de resultado na eleição corintiana, que terminou com Andrés Sanchez eleito para um novo mandato. Paulo Garcia, segundo colocado na votação, acionou na Justiça a Telemeeting Brasil, empresa responsável pelo sistema eletrônico usado no pleito, por suspeitar de irregularidades.

"Não há indícios de fraude ou alteração por meio técnico do sistema de urna", diz o documento elaborado pelos especialistas Leandro Morales Baier Stefano, Marcelo Nagy, Leonardo Nery, Jayme Paiola e Joaquim Gomes Vidal. A equipe trabalhou na fiscalização da eleição como representante de Antonio Roque Citadini, terceiro colocado e que encomendou o laudo.

Garcia entrou na Justiça principalmente porque um código existente para assegurar que não houve violação apareceu diferente no final do pleito em relação ao registrado antes da votação. Mas o parecer obtido pelo blog relata que a perícia aponta que não houve alteração de "hash', como é chamado o código, uma espécie de impressão digital do arquivo.

"O confronto de 'hash' diferentes identificado foi um erro operacional do técnico da empresa Telemeeting, que no momento final da apuração de votos não pôde ser corrigido devido à confusão generalizada (tentativa de agressão a Andrés) ocorrida no local do pleito", dizem os peritos no relatório.

Os especialistas questionaram a empresa sobre a diferença de códigos. Em resposta anexada ao laudo, ela informou que houve uma falha técnica que fez ser apresentado aos fiscais um código diferente. A perícia feita pelos especialistas por meio de uma técnica chamada engenharia reversa confirmou a versão da Telemeeting e afastou suspeita de manipulação.

"Só não podemos dizer se votou só quem deveria votar. Não fizemos controle de associados porque nosso trabalho foi técnico, apenas na parte de informática", afirmou ao blog o perito Stefano.

Com o resultado da perícia, Citadini não deve ir à Justiça contra a Telemeeting ou para contestar de alguma forma o resultado do pleito.

Apesar de não encontrarem indícios de fraude, os peritos registraram no parecer críticas ao sistema usado. Entre elas está o uso de internet por rede sem fio, que segundo o relatório é inseguro. "É possível atacantes tentarem o acesso ao servidor de banco de dados", afirma parte do documento.

Outra fragilidade apontada foi a falta de criptografia completa dos dados para dificultar o acesso de pessoas estranhas ao processo, o que reduziria o risco de fraudes.

Os peritos também entenderam que a equipe de técnicos da empresa e seus computadores deveriam ter ficado em um local mais seguro durante a votação.

Procurado, Andrea Mosiic, diretor da Telemeeting, disse que não poderia se pronunciar conforme orientação de seu advogado.

Vale lembrar que esta perícia não tem nada a ver com o processo na Justiça.

Abaixo veja parte da conclusão dos peritos.

 

 

 

 

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.