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Com Leila, restaurante de luxo em SP vira palco para política palmeirense

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27/04/2018 04h00

A entrada do casal dono da Crefisa no conselho deliberativo do Palmeiras está mudando o jeito como se faz política no clube. Ou pelo menos onde se faz, o que é degustado durante os debates e o valor das contas. Os encontros entre conselheiros não acontecem mais apenas em cantinas e pizzarias tradicionais de São Paulo. José Roberto Lamacchia e Leila Pereira abriram as portas do Fasano, um dos mais requintados restaurantes da cidade, para seus colegas.

Na última segunda, alguns deles foram convidados pelo casal para jantar no famoso estabelecimento. No lugar de pizzas e massas de gosto popular, a casa, uma das mais caras da capital e com sotaque italiano, oferece pratos incomuns para o grande público. Um exemplo é o carpaccio de vieira com iogurte e arroz selvagem crocante.

Mas no cardápio do encontro de conselheiros com Lamacchia e Leila também estavam as futuras mudanças no estatuto do clube e o novo formato do patrocínio da Crefisa com o Palmeiras. É o que explicou ao blog Seraphim Del Grande, presidente do conselho deliberativo palmeirense e também presente ao jantar.

"A Leila fez o convite. Eu aproveitei pra explicar para eles  sobre a comissão que estuda mudanças estatutárias. Ela também falou sobre esse novo acordo com o clube que todos querem saber", disse Del Grande ao blog.

Por sua vez, a empresária não deu detalhes a respeito do que foi conversado durante o jantar em elegante ambiente. Por meio de sua assessoria de imprensa, ela afirmou: "foram 22 amigos que participaram desse encontro, entre eles vários conselheiros do Palmeiras. A noite foi muito agradável, falamos de muitos assuntos, mas pode ter certeza de uma coisa, ali todos estavam interessados no bem do clube, em sempre poder ajudar o Palmeiras em tudo que ele precisar."

Del Grande é ferrenho defensor da alteração do tempo de mandato do presidente alviverde de dois para três anos. "Dois anos é pouco tempo para trabalhar. Na maioria dos clubes são três anos. A Leila também entende que esse é o melhor caminho", afirmou o presidente do conselho.

Integrantes do grupo político do ex-presidente Mustafá Contursi, críticos de Leila, acreditam que a mudança facilitaria uma eventual candidatura da empresária à presidência. O raciocínio é de que, caso Maurício Galiotte seja eleito em novembro para mais dois anos de administração, a dona da Crefisa ainda não teria o tempo mínimo necessário para ser candidata à sua sucessão e contar com o apoio dele. Na hipótese de um mandato estendido, ela já estaria apta a concorrer e com a indicação do cartola.

"Essa proposta de mudança não tem nada a ver com a Leila. Surgiu ainda quando Paulo Nobre era presidente. Faz tempo que decidimos dividir as alterações no estatuto em fases. Estamos discutindo mais uma agora", declarou Del Grande.

O novo modelo de contrato entre Crefisa e Palmeiras também provoca discussões acaloradas no Palmeiras. Antes, o clube apenas precisava devolver para a patrocinadora a receita que obtivesse com a revenda de atletas bancados por ela. Em caso de prejuízo, ele seria só da parceira. O lucro ficaria todo com o Palmeiras. Mas depois de cobrança da Receita Federal junto à empresa, o trato foi modificado. Agora o alviverde precisa devolver o dinheiro independentemente de lucro ou prejuízo. Assim, se um jogador ficar sem contrato e sair de graça, o clube tem que cobrir o rombo. O conselho fiscal quer outra solução por entender que essa é arriscada para a agremiação. Já a diretoria avalia não haver risco. Acredita que jogadores bem revendidos compensariam eventuais atletas liberados sem retorno financeiro.

Não é apenas em volta de uma sofisticada mesa que Leila tem se aproximado dos conselheiros. Já se tornou tradição ela convidar os colegas para acompanhar a equipe fora de casa viajando em seu jato.

 

 

 

 

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.