Topo

Perrone

Peres se contradiz ao falar que sua empresa captou Gabigol para o Santos

Perrone

21/04/2018 04h00

Ao ser indagado primeiramente pelo blog sobre a empresa Saga Talent Sports & Marketing, o presidente do Santos, José Carlos Peres, disse que ela nunca funcionou. Na última quinta, porém, o cartola afirmou que a sociedade da qual ele faz parte foi responsável por levar Gabigol para o clube em seu início de carreira.

"Há 12 anos atrás, cinco santistas se juntaram, ninguém precisava ganhar dinheiro. A gente montou uma empresa pra fazer eventos pro Santos ganhar dinheiro, sem a gente ganhar nenhum centavo. Pra  gente fazer captação de meninos sem ganhar nenhum centavo. E um dos meninos é o Gabigol, que veio de graça pro Santos. Foi só ele. Seis ou oito meses depois a gente descobriu que ninguém tinha tempo pra tocar o negócio. Então a gente resolveu adormecer a empresa e ela não funcionou mais", disse o dirigente em entrevista coletiva, mudando sua versão.

Indagado pelo blog sobre as versões diferentes, Peres respondeu que a chegada do atacante ao Santos não envolveu transação financeira. "Gabigol veio de graça. Com 10 anos. Apenas trouxemos, sem nenhuma transação. Até porque a Saga nunca foi cadastrada na CBF", afirmou o cartola.

A Saga Talent tem como um dos objetos em seu contrato social o gerenciamento de carreira de atletas e a intermediação de negociações de direitos federativos. Porém, o estatuto do Santos proíbe os membros do comitê de gestão, presidido por Peres, de serem agentes de jogadores. Também impede que eles mantenham sociedade com quem exerce tal atividade.

Um dos seis sócios do presidente santista na empresa é Cândido Padin Neto. Ele entrou na Justiça para cobrar 10% do dinheiro repassado pelo alvinegro a Gabigol na venda do atacante para a Internazionale de Milão. Padin sustenta que tinha um contrato de representação desportiva com o jogador e de cessão de participação em eventual negociação.

O fato de Padin ir à Justiça para buscar uma fatia da venda de Gabigol coloca em xeque a afirmação de Peres na entrevista coletiva de que os sócios da Saga Talent não queriam ganhar dinheiro e trabalhavam na captação de jogadores para o Santos sem receber um tostão.

"O Padin? Foi por conta própria. Pergunte ao pai do Gabigol. A microempresa nunca fez transação com jogadores. Apresentei (Gabigol) ao Santos. Eu, pessoa física, e não a Saga Talent".

No entanto, o dirigente não comentou o fato de o estatuto vetar a associação entre membros do comitê de gestão e quem trabalha com jogadores.

Conselheiros do Santos pretendem apresentar um requerimento para que seja aberto processo de impeachment do presidente por supostamente desrespeitar o artigo do estatuto que veta o envolvimento de dirigentes no agenciamento de jogadores e de serem sócios de empresários. Outro pedido já foi protocolado alegando, entre vários motivos, que o cartola provocou danos ao clube ao mostrar dificuldades e incertezas ao tomar decisões.

Peres nega ter ferido o estatuto e também ter provocado danos.

 

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.