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Promotor aposta em destituição de Andrés e Galiotte em caso de violência

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04/04/2018 07h47

O promotor Paulo Castilho aposta que será fácil destituir os presidentes de Corinthians e Palmeiras caso aconteçam confrontos graves entre os torcedores dos dois times no deslocamento deles para acompanharem os treinos das equipes no próximo sábado. Ele se baseia no Estatuto do Torcedor para prometer ir à Justiça contra os cartolas se suas previsões tenebrosas se concretizarem.

Nessa terça, o membro do Ministério Público telefonou e enviou ofício para Andrés Sanchez e Maurício Galiotte nesta ressaltando que eles pode ser responsabilizados em caso de conflitos envolvendo as duas torcidas pela cidade. O MP alega ter agido depois de ser comunicado pela Polícia Militar da inviabilidade dos eventos simultâneos por questões de segurança.

Porém, os dirigentes mantiveram suas posições confirmando os treinamentos para a amanhã de sábado. Ambos alegam que a responsabilidade dos clubes se limita à segurança dos fãs dentro de suas arenas.

"Sendo avisados de que não há condições de segurança para realizar os treinos abertos no mesmo horário, os dirigentes estão assumindo a responsabilidade por eventuais danos aos torcedores e ao patrimônio público. É fácil uma ação para destituir os presidentes de seus cargos. Duvido que qualquer juiz não dê uma liminar afastando os dirigentes. Estou fechando aposta", afirmou Castilho ao blog.

Ele lê o artigo 73 do estatuto do torcedor para sustentar o eventual pedido de afastamento de Sanchez e Galiotte. A norma citada pelo promotor prevê destituição dos dirigentes das entidades de prática desportiva que violarem, entre outros, o capítulo quatro do estatuto sobre a segurança da torcida. Esse trecho diz que a responsabilidade pela segurança dos torcedores é da entidade detentora do mando de jogo e que seus dirigentes deverão tomar uma série de providências, como solicitar agentes de segurança pública e informar as autoridades responsáveis sobre os detalhes do evento.

O presidente corintiano afirmou que nos treinos abertos nunca chamou a Polícia Militar e nem vai chamar porque ela tem mais o que fazer. Por sua vez, Galiotte declarou que o clube seguiu o protocolo de aviso das autoridades sobre a realização do evento.

Apesar de não ter feito a comunicação para as autoridades, o departamento jurídico corintiano sustenta que não feriu o estatuto do torcedor por se tratar de um treinamento, não de uma partida. "O evento citado no artigo 14 do estatuto do torcedor é claramente uma partida de futebol (e não um treino), pois o capítulo do próprio artigo imputa a responsabilidade de solicitar agentes públicos de segurança à entidade de prática desportiva detentora do mando de jogo", afirmou o departamento jurídico do Corinthians em nota ao blog.

Castilho, rebate a tese alvinegra dizendo que podem ser usados o códigos civil e de defesa do consumidor com uma analogia ao estatuto do torcedor para imputar a responsabilidade pela segurança aos clubes e pedir a destituição dos dirigentes em caso de distúrbios entre as torcidas.

O promotor também rebate o argumento de Andrés, defendido por parte da imprensa, de que assumir a falta de condições de segurança para a realização dos treinos simultâneos é a decretação da falência do Estado. "Não existe falência nenhuma. Nenhum lugar do mundo tem condições de colocar 70 mil pessoas com essa animosidade para circular ao mesmo tempo na cidade sem acontecer nada. E, se é falência, então o sistema de segurança dos Estados Unidos também faliu? Eles não conseguem evitar que entrem numa escola e matem crianças, por exemplo", declarou Casitlho.

O integrante do MP afirma que os cartolas mantiveram suas posições para agradar as torcidas organizadas. "Respeito muito o Andrés e o Maurício. Mas vamos falar sem hipocrisia, os dirigentes não aguentam a pressão das torcidas organizadas. Eles estão temerosos em relação a elas e vão pagar pra ver. Eles são reféns das organizadas, e o primeiro impulso é fazer o que elas querem", disparou Castilho.

Ele também pontua que em episódios violentos envolvendo torcedores pela cidade, clubes e cartolas não foram responsabilizados porque não havia recomendação das autoridades de segurança pública para a não realização dos eventos, diferentemente da situação atual.

Os treinamentos do próximo sábado serão os últimos das duas equipes antes da partida decisiva do Campeonato Paulista no dia seguinte, marcada para o Allianz Parque.

 

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.