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Opinião: hotel aberto cria mais um fator para Tite gerenciar

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20/06/2018 05h19

Ao optar por uma concentração aberta na Rússia, Tite ganhou mais um ponto para administrar junto com sua comissão técnica.

Nem na Copa de 2014 as famílias e amigos visitavam o time todos os dias como acontece agora. Além disso, os atletas estão expostos a torcedores que se hospedam no hotel e tietam a seleção.

Num grupo de 23 jogadores é provável imaginar que há quem preferia privacidade sem precisar ficar trancado no quarto. Se isso acontece, cabe a Tite gerenciar eventuais descontentamentos.

Também é discutível se a estratégia não faz o time pensar menos do que deveria na Copa. E ainda se a presença constante de gente de fora não impede proximidade e cumplicidade maiores entre os jogadores.

O treinador fez essa aposta por acreditar que é importante criar um ambiente familiar. Para ele, são os parentes que vão dar o melhor apoio nos momentos difíceis. Além disso, o técnico acredita que com os familiares por perto, seus comandados evitam preocupações em relação a eles.

Mas há outros reflexos. São muitos parentes convivendo no mesmo hotel (que não é o da seleção), pegando o mesmo voo fretado e muitas vezes frequentando os mesmos lugares. O grupo é grande e será natural se a convivência produzir desgastes. Nesse caso, eles podem respingar nos atletas.

Já existem alguns parentes falando em visitar menos o time para diminuir o movimento na concentração.

A diferença em relação a outras edições da Copa é tanta que, certamente, a história do Brasil na Rússia passará pelo contato com as famílias, para o bem ou para o mal.

Na opinião deste blogueiro, Tite tem a missão de avaliar diariamente os efeitos dessa estratégia e não hesitar em diminuir o acesso de parentes amigos e torcedores ao time se tiver dúvidas sobre seus benefícios.

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.