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Palmeiras recebe esvaziada reunião por oposição na FPF

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27/07/2018 04h00

Rompido com a FPF (Federação Paulista de Futebol) desde a final do último Estadual, o Palmeiras virou peça fundamental no jogo que pode colocar um opositor na próxima eleição da entidade. O pleito ainda será marcado para este ano e tem a sua comissão eleitoral presidida pelo promotor Paulo Castilho.

Tanto é assim que o clube alviverde sediou, nesta quinta, uma esvaziada reunião com o objetivo de ouvir as propostas de Marco Antonio Abi Chedid, presidente do Bragantino. Ele lidera a iniciativa de lançar uma chapa de oposição para concorrer com o atual presidente da federação, Reinaldo Carneiro Bastos.

Maurício Galiotte já decidiu que não irá votar em Reinaldo, porém, ainda não fechou apoio a Chedid ou um candidato lançado por ele.

O dirigente palmeirense foi procurado pelo cartola do Bragantino, que solicitou a reunião. Conforme o blog apurou, Marquinho, como é conhecido o opositor, pediu que o colega alviverde telefonasse para chamar outros dirigentes com quem teria mais contato. O são-paulino Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, o presidente do Oeste de Itápolis, Ernesto Francisco Garcia, e pelo menos mais um cartola foram convidados por Galiotte, a pedido de Chedid, mas não compareceram ao encontro.

Fonte com trânsito no Palmeiras afirmou ao blog que José Carlos Peres, presidente do Santos, também participou da conversa com Maurício e Marquinho. A assessoria de imprensa do santista, no entanto, diz que não o localizou depois das 21h40 desta quinta, quando foi procurada pelo blog, para confirmar sua presença.

O Oeste, ausente na reunião, já se comprometeu a apoiar a candidatura de Bastos, ao lado dos outros três times paulistas que disputam a Série B do Brasileiro. "Nós, Ponte Preta, Oeste e São Bento participamos de um encontro na federação e decidimos apoiar a candidatura do Reinaldo", disse Palmeron Mendes Filho, presidente do Guarani. Ele não confirmou e nem negou ter recebido o telefonema do dirigente do Palmeiras.

Por sua vez, Chedid disse desconhecer que outros clubes tivessem sido convidados. "Foi um encontro só meu com o Galiotte para apresentar as propostas", declarou o presidente do Bragantino. O blog mantém a informação sobre os convites.

Apoio de peso

O dirigente afirmou que a candidatura de oposição só vai sair do papel se os grandes do Estado tiverem interesse. "Se eles quiserem mudança, teremos uma chapa, que ainda não tem um candidato definido. Se não quiserem, fica como está. Os clubes pequenos querem mudar, mas em conjunto com os grandes", disse Marquinho.

Além do Palmeiras, outro apoio estratégico a ser disputado é o do Corinthians. Andrés Sanchez, é amigo de longa data de Bastos e Chedid. Procurada, a assessoria de imprensa da diretoria corintiana informou apenas que o voto do clube será surpreendente.

Para registrar chapa, cada candidato precisa do aval de 12 filiados, sendo cinco integrantes da Série A-1, que terão peso seis na eleição. Os votos serão abertos, o que incomoda Chedid. Ele entende que eleitores podem ficar com medo de votar na oposição, perderem e sofrerem retaliações.

CBF

A votação na entidade paulista reflete uma briga pelo controle do futebol nacional. Bastos tentou se lançar como candidato de oposição à presidência da Confederação Brasileira. Não conseguiu o número mínimo de apoios e viu Rogério Caboclo, escolhido por Marco Polo Del Nero, ser o único postulante. Ele assume a presidência em abril do ano que vem.

Desde então, o presidente da FPF passou a ser visto como inimigo por Del Nero e seus aliados. Logo perdeu seus cargos na CBF e na Conmebol após a frustrada tentativa de participar do pleito.

O grupo de Bastos agora enxerga a tentativa de Chedid de lançar um candidato de oposição em São Paulo como uma vingança de Marco Polo, banido pela Fifa por causa de atos de corrupção negados por ele.

Ao UOL, três representantes de clubes do interior afirmaram, sob a condição de não serem identificados, que Chedid teria pedido votos declarando que sua candidatura foi incentivada por Del Nero. O presidente do Bragantino nega que isso tenha acontecido e que já seja pré-candidato.

O Palmeiras entra nessa história porque trava uma batalha com a FPF desde que se sentiu prejudicado por uma suposta interferência externa na anulação de um pênalti a seu favor na final do último Campeonato Paulista, vencida pelo rival Corinthians em pleno Allianz Parque.

Com Marcello De Vico, do UOL, em São Paulo

 

 

 

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.