Topo

Perrone

De time novo na China, Moreno diz que espera 'em breve' voltar ao Cruzeiro

Perrone

20/01/2019 10h07

Imagem: Divulgação

Depois de despertar o interesse de clubes brasileiros para a temporada de 2019, Marcelo Moreno assinou contrato de três anos com o Shijiazhuang Ever Bright, da segunda divisão da China. O estafe do jogador, que estava livre no mercado, classifica a proposta recebida como irrecusável. Em entrevista ao blog o atleta explicou porque vai seguir no futebol chinês e disse que em breve pretende voltar ao Brasil para defender o Cruzeiro.
O atacante também afirmou que lhe faltou paciência para tentar chegar a atuar pela seleção brasileira. Contou ainda dos apuros que passou em seu início na Ásia, como pedir ketchup e receber pimenta.

Blog do Perrone – Depois de despertar o interesse do Corinthians, entre outros clubes brasileiros, você assinou mais um contrato com uma equipe Chinesa para disputar a segunda divisão. Por quê?

Marcelo Moreno – Em todas as minhas férias vou pro Brasil. Sempre meu nome está sendo especulado por grandes equipes brasileiras. Fico feliz porque sempre estou na pauta dos treinadores. Mas agora nenhuma equipe fez proposta oficial. Aconteceu na China, contrato longo, para ajudar o clube a subir. Esse projeto foi importante pra mim.

Blog – Você tem planos para voltar a jogar no Brasil?
Moreno – Sem dúvida. O futebol brasileiro abriu as portas pra mim. Sou valorizado no Brasil, vai chegar o momento de voltar.

Blog – Gostaria de voltar ao Brasil para jogar em qual clube?

Moreno – Em breve vou voltar ao Brasil pra ser feliz no Cruzeiro. Sou torcedor do Cruzeiro, então seria o time certo pra eu voltar e ganhar títulos.

Blog – Já planejou quando quer voltar?

Moreno – Acredito que seja em breve. Acabei de assinar contrato e gosto de cumprir meus contratos, isso me valorizou aqui na China, dou resultado. Acredito que em breve possa voltar ao Cruzeiro.

Blog – Acompanhou a movimentação do Cruzeiro antes do início desta temporada? O que dá para esperar do clube em 2019?

Moreno – O cruzeiro contratou pouco porque tem um elenco forte. Mano Menezes é um grande treinador, sabe montar times, monta pra ganhar, não precisa de muita contratação. Ele é firme com jogadores que tem, por isso eles rendem. O Cruzeiro está forte para ganhar o Brasileiro, a Libertadores.

Blog – Você chegou a jogar pela seleção brasileira sub-18. Por que acha que não conseguiu atuar pelo time principal do Brasil? É uma lacuna na sua carreira, uma decepção?

Moreno – Seria uma valorização totalmente diferente ter vestido a camisa da seleção principal. Esperei por um bom tempo a convocação para a seleção principal. Mas recebi convite da seleção boliviana na qual eu fui muito feliz. Sou referência lá, vou pra minha terceira disputa de Eliminatórias (de Copa do Mundo). Estou a três gols de ser o maior artilheiro da seleção do meu país. Estou orgulhoso da decisão que tomei. Mas, se eu pudesse sonhar novamente, seria diferente. Teria tido mais paciência porque confio no meu futebol. Eu teria uma vaga na seleção brasileira principal e teria jogado um Mundial pelo Brasil. Às vezes, quando a gente é jovem, a paciência escapa. Foi uma decisão que tomei, e pretendo chegar a ser lembrado para sempre na Bolívia pelo que faço na seleção.

Blog – Você vai para a sua quinta temporada no futebol chinês. Mudou muito como jogador nesse tempo?

Moreno – Nesse tempo muda muita coisa, com certeza. Você aprende situações diferentes, tá jogando ao lado de nove chineses. Talvez a experiência seja a principal diferença.

Blog – O nível do futebol chinês não é de primeira linha. Como fazer para se manter em alto nível jogando na China?
Mantendo a forma física. Tenho um estafe particular, preparador físico, fisioterapeuta. Chego na seleção 100%. O nível aqui não é igual aos dos principais países do futebol, mas vejo um trabalho incrível sendo feito aqui, com muito investimento. Acho que um dia a China vai ser uma potência no futebol e aposto que vai disputar a próxima Copa.

Blog – Hoje, você está adaptado ao estilo de vida na China. Mas o começo foi difícil? Passou muito perrengue por causa das diferenças culturais e da língua?

Moreno – O primeiro ano é o ano das coisas difíceis. Idioma, alimentação, tradutor, cultura totalmente diferente. Tem que se adaptar pra depois de seis meses começar a desenvolver um melhor futebol. Vim preparado pra tudo, a única coisa muito difícil é o cardápio. Você pede sem saber o que está pedindo. É uma surpresa. Eu tentava pedir ketchup, e eles traziam pimenta. Tive que repetir quinzes vezes como se fala ketchup em chinês na frente do espelho pra aprender a falar.

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.